sexta-feira, outubro 22, 2010

Os brinquedos dos rapazes

Ontem foi dia dos "boys" travestidos de presidentes de empresas públicas irem ouvir o papá falar da sua proposta orçamental.
Não sabemos, tão pouco interessará, o que por lá se passou, pois que as tv's ficaram à porta, mas o desfile de "biaturas" de luxo à entrada do Ministério das Finanças era mesmo impressionante!
Pudera, todos aqueles "boys" se julgam agora verdadeiros VIP. Ou IPC (Importante P'ra Carago), como dizemos cá no Norte. E o carrinho tem de estar a condizer com a sua "improtência", pois claro!
Nunca hei-de entender esta parolice nacional da necessidade de exibir tamanhos carros aos vizinhos. Naturalmente, sempre à custa do dinheiro alheio. Isto num país pobre, com uma imensa dívida externa e em que os pópós são todos importados.

Nos anos 80 tive a oportunidade de trabalhar com um Norueguês que sempre se deslocava numa 4L. A prestigiada empresa que dirigia tinha ainda um Peugeot, normalmente só usado para deslocações mais longas e recepção de visitas ou convidados. Todos os outros carros de serviço eram igualmente modestos e, sobretudo, discretos, o que não preocupava os demais directores da sua equipa, mas que muito preocupava os seus comercias a quem ele tinha de travar os ímpetos de status.
Um dia lá aceitou que os comerciais passassem dos carrinhos pequenos para os médios, proposta que havia tido o meu suporte com o argumento que andavam muito em estrada. Mas não deixou de me aconselhar cuidado, pois que, na sua opinião, a saúde das empresas costumava estar na razão inversa do tamanho dos carros que tinha à porta.

Infelizmente que hoje, e cada vez mais, pudemos ver também na privada este apetite voraz pelos carrinhos compridos e potentes.
Mas uma coisinha distingue ainda, na maior parte dos casos, a privada da coisa pública: o Motorista.
Na realidade, o que mais me impressionou no desfile de ontem de todos aqueles "boys" é que nenhum deles conduz a "biaturinha", como a maioria dos privados faz.

Muita gente, comunicação social incluída, tem vindo a gritar contra o alto desperdício dos pópós públicos. Mas ninguém fala do motorista dos ditos, que é bem mais caro que o carrinho, representa um custo fixo e, mesmo quando a sua "vida útil" termina ainda o continua a ser. Por vezes mesmo para além da própria vida, quando deixa elegíveis a pensão de sobrevivência.

Provavelmente que a eliminação de todo este desperdício, embora ajudando, não será suficiente para equilibrar hoje as contas públicas. Mas pelo menos sempre daria uma imagem de algum respeito pelo nosso dinheiro.

Da minha parte, enquanto sentir esta mentalidade, não acredito que os nossos políticos sejam alguma vez capazes de boa gestão da coisa pública, por lhes faltar a atitude para tanto necdessária. E sem ovos não se fazem omoletes.

Siga pois a receita do costume: mais impostos, menos pensões...

2 comentários:

  1. Pois que não se pode quebrar a rotina, senão a estranheza é tal que ainda se cria um reboliço só ao Armagedão equiparável... Enfim, é para isto que me serve a proa na nação...

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  2. o estado natural do despesismo na administração pública e quejandos... mas coitados, como as secretárias lhes carregam demasiado as agendas, sempre precisam de estar a desoras em qualquer lugar... que se chegue atrasado mas com nível carago! A pata que os pôs! a evidência da mentalidade dessa gentinha!

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