sábado, maio 29, 2010

O mesmo país?

Mão amiga, marotamente masculina, fez-me chegar, electronicamente, alguns exemplares das fotos de uma professora lá para os lados de Bragança, publicadas em revista, como modelo. Não as coloco num "aqui", não porque elas possam envergonhar qualquer portuguesa, mas apenas por que as minhas habilidades informáticas a tanto (ainda) não mo permitem.
Não sei, nem tão pouco interessa saber, se o fez para complementar o seu salário de professora, se por pretender enveredar pela carreira de modelo, ou outra qualquer. É tudo matéria do seu foro pessoal.

Recordo-me, apenas, que tamanha "ousadia" lhe valeu a expulsão daquela sua escola.
Recordo-me ainda que tal foi notícia justamente na mesma semana em que foi aprovado o casamento gay.

E pergunto-me se falamos de um mesmo país.

4 comentários:

  1. Meu caro Francisco
    De facto, não sei bem em que país é que estamos.
    É evidente que se a professora de Mirandela se quer despir na Playboy, ninguém tem nada com isso até porque ela lá tem os seus méritos.
    Do mesmo modo, a carreira que agora parece querer seguir exibindo-se como "celebridade" nas discotecas transmontanas, naturalmente que só a ela diz respeito. Só que o problema não é esse. A vida privada é lá com ela e se quer transformar a vida privada em pública ninguém tem nada com isso.
    O problema é que a senhora era professora de crianças e isso já não é matéria da sua vida pessoal. Não vejo que seja aconselhável compatibilizar uma carreira legítima enquanto modelo de exibição em discotecas, nua ou vestida, com a carreira de educadora de crianças. Que faça o que quiser com a vida dela mas desde que isso não afecte a vida dos outros. Como sabe, os professores têm especiais responsabilidades na educação e formação dos seus alunos.
    É este modelo que queremos apresentar aos futuros homens e, sobretudo, mulheres de Mirandela? Não creio que seja.
    Já agora: sabe o que é que é feito das feministas do seu tempo? Dantes estes comportamentos não eram considerados por elas como sinais de modernidade e progresso, antes pelo contrário.
    BLX

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  2. Pois, meu caro, só que não era este o meu ponto.
    Quanto às feministas, do meu tempo (esta foi forte), umas andam por aí e já recuperaram as peças então prescindidas (a idade não perdoa), outras lá terão ficado pelo caminho. É a vida...
    Um abraço,
    FRF

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  3. Caro Francisco
    Desculpe se não era o seu ponto mas pareceu-me, defeito meu, que defendeu de certa forma a "ousadia" da professora criticando a "expulsão" (se é que foi disto que se tratou).
    De qualquer modo, o meu ponto era o que escrevi: uma coisa é a liberdade individual outra as suas consequências sobre terceiros.
    Quanto ao "seu tempo", não se tratava obviamente de um comentário acerca da idade (ela anda para todos) mas de uma provocação "ideológica" que lhe não era directamente dirigida.
    Quanto às peças recuperadas de que fala, claramente que não o foram pela professora e, pelo menos aí, ela está na mesma onda das feministas.
    Um abraço
    BLX

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  4. Também esta professora não será uma feminista do meu tempo. Posso-lho garantir, pois que já lhe vi as fotos...

    O ponto que tentei levantar tem a ver com aquilo que refere na parte final do seu comentário, mais concretamente com o que chamou de "sinais de modernidade e de progresso".

    É que, meu caro, eu considero-me uma pessoa modernista e amante do progresso, mas, ao mesmo tempo, um conservador. Por outras palavras, sou conservador nos princípios que considero universais e permanentes na vida e na humanidade, mas tenho uma atitude muito positiva relativamente à modernidade e ao progresso. Só que entendo que não há progresso, mas sim retrocesso, quando a "modernidade" põe em causa tais princípios.

    Porém, uma certa esquerda, normalmente bastante complexada, considera isto inconciliável. Para esta, ser conservador é sinónimo de ser reaccionário e retrógrado, o que de modo algum posso aceitar, nem intelectualmente compreender (ou então será o meu prazo de validade que já se esgotou...).

    Mas outra coisa que caracteriza aquela mesma esquerda é a inconsistência das suas posições, e este foi o ridículo que quis salientar. É que, mesmo numa tal óptica pseudo-modernista em que o nosso pobre país pobre está a mergulhar, espanta-me que as fotos da dita professora sejam consideradas um mal maior que o casamento gay. Mais ainda num país que não se limitou a seguir uma tendência, antes fez questão de estar no pelotão da frente.
    Um abraço,
    FRF

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