De um Ministro das Finanças espera-se rigor, não cosmética.
De um Ministro das Finanças espera-se verdade, não ficção.
De um Ministro das Finanças espera-se que perceba o que está por trás dos números e que tenha a capacidade de questionar e ajudar os seus colegas de governação.
E de lhes saber dizer NÃO sempre quando necessário.
De um Ministro das Finanças espera-se que não seja um “yes man” do seu chefe, antes que o possa orientar no sentido financeiramente saudável.
E que lhe saiba dizer NÃO sempre quando necessário.
Se eu fosse o chefe, tudo isto exigiria a um Ministro das Finanças.
Um tal Ministro das Finanças é credível. Quando não, é um boneco.
Infelizmente, de há algum tempo que o nosso Sr. Ministro das Finanças vinha, aqui ou ali, a falar de alguns números ao sabor dos interesses do seu chefe.
Por vezes posso até entender alguma meia verdade, posto que não a mentira.
Mas, as lamentáveis histórias do período pré e pós eleitoral ultrapassaram tudo quanto poderia ser minimamente considerado como razoável.
Aquela coisa de passar o verão de 2009 a jurar a pés juntos que a expectativa do défice para o final do ano continuava a ser de 5 e tal % do PIB, quando então já se sabia que assim não era e, o que é mais grave, quando então ele já sabia quanto era, minou a sua credibilidade.
Aquela coisa de no final do ano ainda lhe acrescentar mais 1% (cá para mim só para mostrar serviço no ano seguinte), caiu ainda pior.
E os mercados não gostam nada destas coisas, pois que as declarações de um Ministro das Finanças são mesmo para ser lidas como coisa séria.
Mas, nas actuais circunstâncias, o país está refém deste Sr. Ministro das Finanças e este Sr. Ministro das Finanças está refém do poder também. Por isso posso bem compreender as declarações do novo Sr. Governador do BdP (como mencionado na posta anterior). Que não serão de pura amizade, mas sim institucionais, para tentar, pelo menos internamente, recuperar um pouco a sua credibilidade perdida. Missão que se me afigura já como impossível.
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