segunda-feira, abril 19, 2010

E continua...

Os peritos, os especialistas são quem devem explicar os factos e os riscos. Mas é preciso factos e uma clara e tão rigorosa quanto possível avaliação de riscos. Compete depois aos políticos decidir. Estes não se podem esconder atrás dos peritos e os peritos não devem matar moscas com canhões para evitarem eles próprios o risco de se enganarem.

As nuvens islandesas têm sido um revelador da vulnerabilidade dos nossos sistemas e dos nossos tempos. E mais uma vez a Europa age atabalhoadamente e o poder político demora 5 dias para começar a debater a situação. O pandemónio não podia ser maior e a descoordenação cresce hora a hora.

Os peritos avisaram que às 24h de 31 de Dezembro de 1999 ia ocorrer um desmoronamento informático, que não aconteceu. Os especialistas propuseram a matança de centenas de milhares de vacas que seriam responsáveis por uma doença cerebral que dizimaria milhares de humanos, os quais felizmente ainda cá andam. Uns e outros anunciaram uma perigosa pandemia gripal que afinal fez menos vítimas que uma epidemia sazonal. E ainda recentemente apurou-se que um painel de peritos manipulou factos e modelos sobre o ambiente de molde a influenciar certas opiniões.

A IATA (ver aqui) representa os interesses das companhias de aviação e é normal que estas não estejam nada satisfeitas com o desenrolar dos acontecimentos. Mas a IATA deve ser escutada e o que diz merece ser ponderado. Com tanto perito passado a anunciar tragédias que não ocorreram e com tanto exagero profilático que ia matando o doente mas enriqueceu uns tantos, é legítimo questionar o bom senso de uma aplicação paranóica do princípio de precaução.

2 comentários:

  1. Pois, e neste rol poder-se-ia acrescentar que os peritos (ou pelo menos os seus relatórios) também previram armas de destruição maciça no Iraque...
    A verdade é que se tivesse havido um acidente aéreo por causa das nuvens vulcânicas (prefiro não lhes chamar islandesas), logo cairíamos em cima dos tais peritos a reclamar todas as culpas e mais algumas.
    O problema é que o mesmo se está a passar com médicos e hospitais que, à custa das pesadas indemnizações a que foram sendo condenados (em particular nos EUA), com base na análise das respectivas fundamentações desataram a criar procedimentos para tudo. A paranóia chega ao ponto de o médico ter de aplicar um procedimento mesmo que, no caso, o julgue inadequado ao doente. Já não importa se o este sobrevive ou não. Importante é que, não sobrevivendo, se possa demonstrar que foi seguido o procedimento que ao sintoma cabia.
    Como dizia a minha avó: nem 8 nem 80...
    farripas

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  2. o meu amigo por a caso não estará "preso" no Sá Carneiro, quando decidiu escrever o post?

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