sexta-feira, março 26, 2010

Intervalo


Preparo-me para uma pausa de 15 dias e levo comigo um dos livros de Slavoj Žižek ("In Defense of Lost Causes"), um filósofo esloveno que julgo dizer coisas interessantes: uma delas é a chamada de atenção para o facto de que a acção que verdadeiramente importa ser algo de muito raro e para a qual devemos pacientemente prepararmo-nos, reunir a energia necessária e esperar. E a acção que importa é apenas a que transforma. Tudo o resto é mera gesticulação que é não só irrelevante e impotente mas, mais grave ainda, justifica e cimenta o status-quo.

Há dias como o de hoje em que parece que está a acontecer muita coisa, tanto a nível interno como a nível global. Daqui a umas horas saber-se-à com que linhas se cose o PSD; entretanto, prosseguem na Assembleia os trabalhos de várias comissões que revelam a cada dia a podridão do regime; em plenário, faz-se ginástica mental para deixar passar uma resolução cuja utilidade é questionável e em Bruxelas ouvem-se declarações apaziguadoras, senão mesmo entusiásticas, esperando-se que a qualquer momento alguém salte nú de uma banheira a gritar Eureka.

Contudo, toda essa actividade me soa oca e vã. Como diz Zizek, a condição para uma verdadeira mudança (um acto autêntico) é pôr fim à falsa actividade. Como meto férias, devo estar no bom caminho.

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