Nunca me dei bem com muita criança à volta; duas já são canalha a mais.
A Zulmira bem me disse, há não sei quantas semanas, que acedera em fazer lá em casa a festa dos 8 anos do Nelinho, o mafarrico da calista do 2° andar. Senti de imediato um aperto no mindinho do pé esquerdo, mas pensei, sem me dar conta de que aquilo seria neste Sábado, que me havia de escapulir para os bilhares e assim foi que não dei mais importância ao assunto.
A transmissão começava às 6h e eu já me aviara com o kit “dragão”: um pacote de super-bocks e três sandes de fêbras. Ao entrar no hall do prédio dei com um garoto a chorar, todo besuntado de chocolate nas orelhas. Topo que a porta do meu rez-do-chão está escancarada e, ao entrar, sou atropelado por outros dois gândulos, aos berros: parte-se-me a alça do saco das cervejas e, pimba..., 3 super a menos e uma sujeira de espuma. “ Zulmiraaaaa!”.
“Oh, filho, ainda bem que chegas. Acude aqui que não sabemos o que fazer com o Nelinho. O miúdo amuou e fechou-se no banheiro com o bolo de anos”.
Arrombei a porta a tempo: o estuporzito abrira as torneiras todas antes de se pirar pela janela e depois de esmifrar pastas de dentes, shampôs, creme da barba e outras porcarias pelo chão e pelos azulejos das paredes.
A loira do 2° andar desata num histerismo: “Neliiiitooo, o meu Nelinho desapareceu, raptaaaram-no”. Acalmei-a com dois gestos firmes mas no acto foram-se as fêbras, que ainda estavam no saco da esquerda agarrado ao pulso, e ficaram imprestáveis num chão empapado em água, cremes e chocolate.
“Ensandeceste ou estás bêbado? Não podes fazer assim à D. Lucinda: não vês que o pequeno fugiu?” (olha a novidade). E continuava a Zulmira : “Vamos à polícia”.
Claro que o desvario transformou-se no hall em abraços e beijos ao Nelinho pródigo e achocolatado, no meio de uma cohorte de gaiatos aos saltos, a bater palmas e aos gritos de “Binde ber istu”.
Fugi. Quando cheguei aos bilhares, molhadinho até ao tutano por me ter esquecido do chuço, já o Paços tinha metido um golo... e nós a patinar. E eu, trabalhador do comércio que não quiz ter filhos para não ter chatices, tenho que aturar os dos outros? Oh meça!!
delírio foi ontem o "le genou de Claire"... :)
ResponderEliminarque os empatas do fcp continuem a empatar
ResponderEliminarvá-se o campeonato para lisboa, benham-se mais delírios dominicais para o nort(adas)e
farripas
Gosto de delírios. Gostei deste.
ResponderEliminarSó li hoje, mas valeu... que bela maneira de começar a semana: a sorrir!!!
ResponderEliminarParabéns, douro e saudades à Zulmira!