quinta-feira, outubro 22, 2009

Novos brinquedos


De seis em seis meses aparece alguém a falar na necessidade de Portugal enveredar pela produção de energia nuclear. Do que conheço sobre a matéria, que é pouco, assusta-me a aparente superficialidade com que alguns abordam este assunto.

De quantas centrais estão a falar? Que tipo de integração sugerem para a coordenação inevitável que teria de existir no espaço ibérico? Que custos de investimento e de exploração antevêem? Que medidas e que destino pensam dar aos resíduos radioactivos que resultariam de uma tal produção? Que soluções imaginam para fazer face aos custos financeiros do tratamento desses resíduos? Quantos anos, a partir do início da construção, esperaríamos até receber os primeiros volts? Qual o ganho financeiro para o consumidor entre um volt 'nuclear' e um volt não nuclear? Onde julgam que as populações aceitariam receber essas centrais? Em que estudos se baseiam para concluírem que não haverá outras alternativas de produção face à procura previsível de energia dentro de 10 ou 20 anos?

Não me espanta que pessoas que representam os interesses de vendedores de centrais afirmem a inevitabilidade em Portugal da energia nuclear, mas é exigível que todos os que admitem a sua necessidade não se fiquem por meras declarações de "porque não?" e exijam estudos rigorosos, sérios e pormenorizados. Valeu, Sr. General Eanes?

3 comentários:

  1. Eu também não sei nada de energia nuclear, mas sei duas ou três coisas óbvias:
    a) Se ela for opção, deve começar-se já, ainda que só daqui a 20 anos se comece a produzir energia. Porque, se começarmos só daqui a 20 anos, só daqui a 40 é que passaremos a usufruir dela. Portanto, a sua questão sobre "Quantos anos, a partir do início da construção, esperaríamos até receber os primeiros volts" não faz sentido.
    b) Penso que o pior acidente que pode ocorrer numa central nuclear é algo semelhante a Chernobil. Parece que daqui a 10.000 anos os níveis de radioactividade decorrentes do acidente já terão deacaído para níveis normais. Ao contrário, os efeitos da emissão de gases resultantes da combustão de energia fóssil permanacerá daqui a 10.000 anos.
    Não será possível enviar os resíduos nucleares numa nave em direcção ao Sol, para serem aí reciclados?

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  2. Obrigado Funes pela sua achega. Uma coisa é certa: temos que fazer todas as perguntas e exigir todas as explicações, tim-tim por tim-tim. Nisto do nuclear, estou como o outro: "ver para crer"

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  3. Eu lembro-me duma iniciativa do CDS durante a presidencia do Ribeiro e Castro onde houve um debate/sessao de esclarecimento exactamente sobre as necessidades energéticas de Portugal, e as vantagens/desvantagens do nuclear. Foi muito interessante.

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