terça-feira, setembro 01, 2009

Solo de ataque

É sabido que os jornalistas desportivos não são propriamente bem dotados de massa cinzenta; aliás não são muito diferentes dos portugueses em geral. Contudo, o facto de, alguns terem de falar, piora a coisa. E muito! Veja-se o exemplo dos comentadores / relatores durante os jogos de futebol. Primeiro, dão a ideia que são pagos à palavra, pois raramente se calam; depois, e em consequência disso, dizem disparates e “dão pontapés” na gramática que só visto (ou melhor, ouvido!). Sobretudo quanto tentam dizer graçolas. O último atentado à inteligência (que tive a sorte de ouvir) deu-se na final da Supertaça Europeia, do passado dia 28 de Agosto. O rapazito de serviço da RTP comentava uma suposta bolada naquele local que nós, homens, tanto tememos: “(…) a bola quase que atingia os Países Baixos…bem foi um bocadinho mais acima, digamos na França (…)”. Para lá da banalidade da graçola (Países Baixos), sendo mais acima, nunca poderia ser na França. Enfim…como dizia o Rei de Espanha: “porque não te calas?”. Melhor, porque não se calam todos? Isto porque ontem (dia do benfica / Setúbal), a excitação do comentador da RTP era de bradar aos céus! Chegava a calar-se só para que os espectadores pudessem ouvir a euforia dos adeptos (onde o próprio se inclui, claro!). Chegou a utilizar a palavra “vulcão” para descrever o clima que se vivia. Foi o clímax total! Bem…teve uma parte positiva: o rapazito calou-se por breves instantes. Será que vou querer mais vitórias folgadas do benfica? Nem tanto! É por estas e por muitas outras que não dá para gostar do benfica. Até podem ganhar; até podem jogar bem; mas a “loucura” dos comentadores é tal que estragam tudo. Porque, como dizia uma excelente publicidade da revista “Veja”: “jornalismo é simples: basta ouvir as duas partes e duvidar de ambas”. No jornalismo desportivo português é mais ou menos assim: “jornalismo é simples: basta ouvir as duas partes e acreditar apenas no benfica”. Tão simples quanto isto. Tudo gira à volta desta equipa e em todas as reportagens (até sobre os assuntos mais absurdos) o jornalista deve ter como precaução associar a reportagem ao nome do ex-glorioso. Mas estas coisas têm a sua parte positiva, como, por exemplo, a primeira página do jornal “Público” de hoje, onde se viam vários jogadores encarnados, mas nenhum português. Não era mesmo esta equipa que queria ser a “espinha dorsal” da Selecção Portuguesa? Ora toca a naturalizar mais sul-americanos! Ou até o facto irem aos registos históricos para nos lembrarem do tempo em que até ganhavam por tantos. Viva o Canal (e também imprensa) Memória!!! Assim e à custa disto, vão os nossos “isentos” jornalistas mantendo o “vulcão” encarnado nestes últimos 30 anos. Nem a revolução cultural do Ditador Mao Tse Tsung foi tão eficaz.

Nuno Ortigão

2 comentários:

  1. Eu não sei se os benfiquistas têm consciência disso, mas ontem perderam o campeonato.

    ResponderEliminar
  2. Nada como um jornada a seguir à outra...em pouco tempo o vulcão transforma-se em cinzas, como sempre acontece para esses lados.
    1 resultado bom em anos e anos de desilusão tem q render...

    ResponderEliminar