domingo, setembro 20, 2009

Rataria

O país está infestado de ratos.
Julgávamos que se acasalavam nos esgotos, que chafurdavam em monturos, que repousavam em bueiros fétidos ou que se amontoavam nas cloacas da cidade. Isso já foi.

Hoje usam (ou não) gravata, escrevem em jornais, dirigem partidos e governos, administram bancos e empresas públicas, manobram, manipulam, conspiram, aldrabam e peroram.

O cidadão lê-lhes os tìtulos aterrado, ouve-os desconsolado e teme-os num sussurro quase clandestino, esperando e desesperando em distinguir um compatriota de um mangusto e em reconhecer um igual no meio dos leivões. E há os ratos-cegos, essas toupeiras que sapam por baixo e ligam por túneis os musaranhos, os ratos-musgo e os murganhos. As arganaças ganharam voz, os leirões conhecem a síntaxe e os ratos-do-monte e os dos pomares salpicam-se de perfume para que não lhes topemos o odor da esturqueira.

Escutam-se, espiam-se e vigiam-se, aliam-se e concertam-se, zangam-se e reconciliam-se. Negoceiam. Vendem e trocam. Vendem-nos e trocam-nos. Na verdade, vendam-nos para que não vejamos e ensurdecem-nos com promessas para que não ouçamos.

Há uma ratoeira que os pode caçar: a 27, o nosso voto pode recambiá-los para o seu mundo imundo de trapaceiros. Ou isso ou seremos nós os caçados.

1 comentário:

  1. Para mudar este cenário há que levantar o rabo da cadeira e fazer o que deve ser feito. Não basta lamentarmo-nos. Infelizmente o que as pessoas dizem nas ruas é que não vão votar porque "eles querem é tacho", "não vale a pena". E agora, já cá faltava, mais uma vez surgiu o apelo ao voto útil. Útil para quem ? Ou para quê ?

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