segunda-feira, setembro 21, 2009

'Público': obviamente demita-se

Uma das funções de maior benefício dos jornais é o escrutínio que exercem sobre quem tem funções de governação. E uma das funções subjacente a essa função é a publicação de opiniões sobre quem tem funções de governação. Por definição, os directores de jornais são a primeira instância dessas funções: investigam (ou mandam investigar), escrutinam, cruzam informação e - para além de 'assinarem por baixo' as notícias que saem nos jornais que dirigem - exercem a poderosa possibilidade de emitirem opinião. Com uma rapidez que em diversas ocasiões é difícil de entender, os jornalistas (os directores dos jornais) opinam sobre quem deve e porque deve demitir-se determinado personagem - quando em causa está o bom nome dos cargos exercidos pelo poder político (ou outro). Infelizmente, quando a trapalhada é dentro de casa, a rapidez perde-se. O bom nome e o histórico de qualidade que o jornal 'Público' construíu desde que foi fundado está absolutamente posto em causa pelas notícias surgidas no final da semana passada em torno do caso das escutas ao Presidente da República. Se a bitola do director do jornal fosse para ser usada dentro de casa, José Manuel Fernandes teria usado o fim-de-semana para demitir-se - assumindo as culpas de um caso em que o 'Público' sai completamente enxovalhado. Desde que assumiu funções, José Manuel Fernandes conseguiu afundar as vendas do jornal; tomar decisões editoriais no mínimo discutíveis (como o P2); colocá-lo numa situação financeira de tal ordem que os jornalistas tiveram que aceitar a redução dos salários; e finalmente enlamear o nome do jornal com esta história das escutas - nomeadamente afirmando que o SIS tinha entrado no interior do jornal, para horas mais tarde dizer que afinal não. Uma tristeza. Como leitor do 'Público' desde a primeira hora e saudoso dos bons tempos do jornal, aqui deixo um apelo: Sr. José Manuel Fernandes: demita-se por favor.

2 comentários:

  1. Deve ser por causa disso que vai assessorar o nosso compatriota em Bruxelas...

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  2. Em parte concordo. Mesmo sendo certo que determinados pântanos nacionais dão para perder a cabeça, esse é um luxo a que um director de jornal não se deve entregar. O que me preocupa é que sem ele (com ou sem cabeça) ficamos cada vez mais confinados aos Alfredos Barrosos, aos Costa Pintos, aos Ricardos Costas do nosso desencanto...
    Rui Valente
    ocharutoaceso.blogspot.com

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