sábado, setembro 12, 2009

O Debate

Manuela Ferreira Leite lançou-se no debate de forma espontânea, decidida. Foi fiel ao seu estilo de uma austera sobriedade. Passou, por isso, uma ideia de consistência e segurança.
Sócrates foi afirmativo, mostrou a sua irascibilidade, mas denunciou nas suas várias expressões a total ausência de espontaneidade, leia-se, genuinidade.
Cavaram-se diferenças de um estilo. Por isso, há, nas próximas eleições, uma clara opção que passa muito mais por uma escolha entre dois carácteres, duas personalidades, do que pela opção por uma mundivência mais liberal ou intervencionista - embora haja evidentes diferenças cuja destrinça não foi iluminada. Foi pena que se tenham embrenhado numa discussão mais política do que Política, mais do caso do que das referências. Aliás, Sócrates quis mais atacar, denunciar e inventar incongruências, do que materializar a sua verborreia de alegado fazedor optimista. Foi desconstrutivo na sua postura em contraste com uma Ferreira Leite mais académica que pretendeu discutir os assuntos de uma forma mais racional e objectiva. Numa palavra, não imputando ideias nos outros mas defendendo as suas convicções.
Sócrates foi acintoso, fugidio e fugaz enquanto Ferreira Leite foi tenaz na sua frontalidade, não driblando para canto.
Foi, claramente, um confronto marcado pelo contraste entre um optimismo oportunista e uma seriedade metódica. MFL foi credível, Sócrates - aqui igual a si próprio - não.

8 comentários:

  1. Não vimos o mesmo debate, com certeza. O que se viu foi uma Manuela Leite permanentemente encostada às cordas, a defender-se (mal) das constantes contradições que Sócrates lhe foi apontando sobre as suas opções passadas, em matéria de TGV, de IMI, de portagens...
    A única hipótese de Manuela Leite ganhar as eleições é passar uma imagem de credibilidade e seriedade que não possui, mas em que os eleitores acreditam. Sócrates tentou destruir essa imagem. Fê-lo com competência. Os seus azares são dois:
    1- A sua falta de seriedade torna-o a pessoa menos adequada do mundo para denunciar as incoerências de MFL;
    2- Os portugueses estão-se nas tintas para os debates.
    Mas que ganhou o de ontem, ganhou.

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  2. Já agora, onde é que está a invenção de Sócrates na denunciada incongruência do TGV?
    Em 2003 o país sofria de um inconcebível desequilíbrio orçamental, fazendo MFL malabarismos contabilísticos, para o ocultar da UE e não perder os fundos comunitários. Nesse contexto o TGV era bom. Hoje, o pais tem um desequilíbrio orçamental inconcebível, sem que a UE nos possa chatear muito por causa disso. O TGV agora é mau. Porquê?
    Porque se devem apoiar as PMEs e não os grandes investimentos? MFL calou-se como um rato, quando Sócrates lhe atirou com o número (provavelmente martelado) de 37.000 PMEs apoiadas pelo seu governo, contra 3.000 do governo dela.
    O TGV é um absurdo num país periférico como o nosso?
    Pois é. Mas já o era em 2003. E o que transparece na mudança de MFL é que o PSD tem à frente gente completamente irresponsável que aprova medidas e programas sem pensar e, depois, tem que rever as suas posições.
    É assim com o TGV. Foi assim com o Estatuto dos Açores. Aprovam, como se não tivessem estudado nem medido as consequências do que estão a fazer. É com base nesta irresponsabilidade que nos pedem o voto?
    A única boa razão para votar MFL é Sócrates.
    Não é uma grande razão.

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  3. Se tinha dúvidas elas desvaneceram-se por completo. Um opaco, frio, ocultista. Outro mais subtil, mais contundente, mais concreto, mais objectivo.
    A quem interessa um programa opaco, sem balizas, sem afirmações de princípio, sem valores objectivos, sem metas e propósitos concretos?

    Enfim, à demagogia prenhe de chicoespertismo e de oportunismo sem conta. Não me restaram quaisquer dúvidas, finalmente!...

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  4. Caro Funes, você ou esteve distraído, ou tem problemas de memória. Por isso alinha pela poeira que o Sócrates tenta atirar para os olhos mais incautos. MFL explicou bem que a razão pela qual suspenderá o TGV (e suspender não significa discordar, mas apenas que o momento não é oportuno) tem a ver com o brutal nível de ENDIVIDAMENTO em que o país hoje se encontra (cerca de 100% do PIB, contra os 40% de 2003) e não com a questão orçamental.
    No mais, e para além da enorme diferença de carácter, ou da falta dele no caso do JS, ficou ainda a agradável sensação de que MFL já falou como vencedora e o JS como derrotado.
    Cumprimentos,
    Farripas

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  5. Caro Funes:
    Que você confunda endividamento externo com défice orçamental, não é grave. Grave é o Socrates fazer o mesmo tipo de confusões.
    Zé Fontinha

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  6. Caro Zé Fontinha,
    Pemita-me discordar destas suas afirmações.
    Em primeiro lugar, e pese embora em menor grau, parece-me também grave que quem escreve publicamente, mesmno que num blog algo restrito, faça juízos de valor sobre alguém, com base em factos erróneos, ou pondo-lhe na boca algo que nunca disse.
    Em segundo lugar, o Sócrates, mesmo que apenas inginheiro, não faz certamnte tal confusão. Apenas tenta é confundir a malta (ao que parece com algum sucesso), o que também diz muito do seu carácter. Ou da falta dele...
    Cumprimentos,
    Farripas

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  7. Eu estou com o funes.

    O que é bom; confirma porque é que a democracia é um sistema superior... Veremos agora como é que eles descalçam a bota da governabilidade.

    Vai uma apostinha? Eu digo que o centrão vai p'ró poder.

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