sexta-feira, setembro 18, 2009

Noite de 27 - antecipação (cenário 2)

Às 20h, a RTP declarou-se incapaz de dar uma previsão de vencedor, alegando que o empate técnico não lhe autorizava qualquer especulação. Mas havia novidades: o Bloco andaria perto dos 11%, a CDU rondaria os 10% e o PP ou teria 4 ou 9 ou 12, dependia(??). O MEP elegia por Lisboa.

E andaram nisto cerca de hora e meia, com aqueles fulanos das sondagens a explicar sabiamente as razões por que não tinham nada a dizer, sendo que os que se auto-intitulavam politólogos admitiam que a culpa era do eleitor, ignara personagem que atrapalhava os cálculos por causa da sua indecisão, hesitação, indefinição, enfim, um irresponsável.

Comecei a sentir uma dor no braço esquerdo cerca das 10 e picos, já a Zulmira deixara de "Vem deitar-te, homem, que amanhã tens de abrir a porta ao picheleiro". Quando a seguir veio um betinho anafado, na sede do PS, garantir que a fraca abstenção fora uma vitória da democracia e que os portugueses estavam de parabéns, deu-me um ataque de azia e um mal-estar geral a que não dei importância e que atribui ao prato de lulas da Carmelinda, a minha cunhada, que julga que lá por trabalhar na cantina da escola B-57 de Freamunde percebe alguma coisa de panelas.

Passei pelas brasas ao ouvir o Aguiar Branco dizer "consubstancia…", e nessa sonolência retemperadora ainda dei conta do Jerónimo "não sei quê…os poderosos…". Ferrei verdadeiramente o galho quando voltaram ao estúdio para outra seca de segundas linhas a explicarem…coisas.

Acordei de repente, sem saber a que horas, com um Louçã estridente a espumar de um púlpito uma ladainha cheia de erres. As notas de rodapé fugiam da direita para a esquerda a grande velocidade e aquilo era uma confusão de terras, concelhos e números. Tentei baixar o som mas eu próprio estava pêrro. Chamei pela Zulmira e saiu-me um urro esquisito. Quis pôr-me de pé e caí no chão em cima do comando. Ainda percebi pela repentina gritaria que começou a sair do caixote que o Sócrates se demitira e que a Manuela….zzzzzzzzzzzzzzzzzz

Foi a patroa que abriu a porta ao Zeferino, cerca das 7h. Parece que já vai para três dias que estou aqui no S. João. A primeira coisa que balbuciei ao acordar, encharcado de tubos, foi que estava a ver muito bem e que, por favor, não me levassem ao oftalmologista do hospital. A Zulmira disse-me que o nosso glorioso perdeu e que o Zeferino acha que é preciso comprar um autoclismo novo. Que se foda!

9 comentários:

  1. EXCELENTE

    josé Mexia

    ResponderEliminar
  2. Na SIC! Na SIC!...

    Farripas

    ResponderEliminar
  3. Fuck them!!! Carago, porra!!!

    ResponderEliminar
  4. o meu caro amigo esta imparavel
    esta nortada esta fabulosa
    obrigado

    ResponderEliminar
  5. Com esta antecipação de cenários, não será que o caçador acaba caçado? Ou seja, não é caso para dizer que, quem tem .. tem medo? Ou então, como dizem os brasileiros (não sei bem de que zona, mas acho que é S. Paulo) passarinho que come pedra sabe o cu que tem...
    Nada de pânico Douro, razões para cenários terríveis apenas advirão se MFL subir ao poder, mas não acreditemos em romances de ficção!!!
    JSR

    ResponderEliminar
  6. Vá lá, vá lá, o MEP sempre elegeu um deputado por Lisboa. Maravilha!!!!

    ResponderEliminar
  7. Douro:
    Verdadeiramente genial.
    Andas a fumar umas ganzas...

    ResponderEliminar
  8. Uau! O texto está fantástico! Anseio pelos cenários 3, 4 e 5.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  9. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
    Recebes visitas no S. João?
    Pelo sim pelo não, eu pedia uma segunda opinião quanto ao autoclismo... mando-te o meu xô Joaquim que bebe tanta super-bock como o teu vizinho e foi injustiçado pelos vizinhos que fizeram com que lhe retirassem os filhos depois de ter dado uma surra à mulher porque "eu xou um gajo que gosta de chegar a cazsa e ter o comer pronto!"

    ResponderEliminar