domingo, setembro 13, 2009

Debates e campanha

No que me toca, gostei do formato que os partidos encontraram para os debates entre os líderes dos principais partidos. Gostei porque deram oportunidade a que apresentassem as respectivas opções, numa série de temas. Na minha óptica, isso é o mais importante.

Também gostei, porque se tornaram numa espécie de campeonato para ver quem era o melhor, quem ganhava o debate em si mesmo, independentemente das propostas que faziam. Todos os comentadores a que assisti, entraram nesse jogo. É verdade que isso desfoca do conteúdo das mensagens que transmitiram, mas também não deixa de ser divertido. E sempre recoloca a política no lugar normalmente reservado ao futebol...

Finalmente, gostei porque permitiu confirmar o que penso: os nossos jornalistas são, regra geral, muito maus entrevistadores. Geralmente, preocupam-se mais em forçar pretensas caixas, em sublinhar contradições e avançar opiniões próprias, do que em deixar falar o entevistado, que é como quem diz, esclarecer os espectadores.

Estas três ordens de razões, para mim, eram suficientes para declarar o formato melhor do que os anteriores. No entanto, há mais duas que me agradaram particularmente.

Para mim, Paulo Portas foi o claro vencedor. E foi-o não apenas porque se prepara bem e é dotado para este tipo de confrontos, mas também - ou até principalmente - porque se percebeu claramente que o CDS tem, finalmente, uma equipa de pessoas a trabalhar os vários assuntos e a estudar as propostas que avança. Isto é bom para o partido e para o País.

Depois, parece-me que o cansaço com o centrão vai finalmente permitir uma mudança profunda no espectro parlamentar pós-eleitoral. E isso é definitivamente bom para o País. Mesmo que a custo da infame "governabilidade"... a não ser que o centrão se entenda (e há boas e más razões para o fazer); mas se o fizer, estou convicto, será o canto do cisne. Ou então, o cansaço com o centrão é tal que mesmo as sondagens actuais estarão completamente desfocadas do sentimento popular... e os resultados serão uma grande surpresa (voto útil da esquerda no PS ou deserção de Sócrates? mobilização à direita, em Ferreira Leite ou em Portas?); o que é muito mais interessante.

Outra questão é saber se os eleitores decidem durante a campanha. Se sim, ou para os que o fazem, os debates devem ter contribuído decisivamente, na medida em que lhes ofereceu variadas escolhas diversas e até antagónicas, para muitas das questões centrais. Se não, como creio, será curioso ver que relação existe entre os resultados eleitorais dos vários partidos e o desempenho dos respectivos líderes; nos debates - v.g., será que Louçã é penalisado pelo mau desempenho? e Ferreira Leite, também? será que Portas é premiado pelas "vitórias" que arrecadou? e Sócrates pela tenacidade demonstrada? e Jerónimo, serão os resultados tão indiferentes como ele foi dos debates? - ou na última legislatura (escuso-me de caracterizar; seria fastidioso e todos tem opinião formada).

Resta-nos a campanha, para esclarecer, ou talvez não...

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