A propósito da tal ideia do testamento vital, que parece ter sido retirada da agenda parlamentar, ouvi alguns responsáveis políticos (entre outros, Maria de Belém e Paulo Portas) referirem-se à noção de “encarniçamento” terapêutico.
A primeira vez que tal ouvi julguei que estavam a falar de um bife e veio-me a imagem de um cozinheiro, às voltas com um naco de carne mal passada, irritado e impaciente por esta resistir a se enfiar no espeto.
Finalmente percebi do que estavam a falar. Ora, eu acho que isso do “encarniçamento” é afinal uma tradução apressada e literal da noção francesa correspondente de acharnement thérapeutique. Em francês está perfeita e consagrada, mas em português o que se deve dizer é obstinação terapêutica.
Por favor, expliquem isso aos autores da proposta de lei quando e se ela voltar ao parlamento. Sei que sou um chato, mas não consigo deixar de pensar que as nossas leis devem ser escritas em português. Idiossincrasias minhas, claro.
Claro, caro douro. Apenas um reparo: é de obstinação, seguramente, que pretende falar (no texto ficou obtinação).
ResponderEliminarForte abraço.
Vejam o artigo sobre a "barraca" do sindicato amarelo SINTAP na Câmara Municipal do Seixal no blogue O Flamingo.
ResponderEliminarTens razão Ventanias, vou já emendar. É caso para dizer, em casa de ferreiro espeto de pau.
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