Não foi por ter sido um católico progressista, amante da liberdade – o Tempo e o Modo; não foi por ter sido um cinéfilo de excepção; não foi por ser um ensaísta raro; não foi por ser o Director, insubstituível, da Cinemateca; ou tampouco por ser um plumativo ímpar. Ainda que só fosse por isto, já não perguntaríamos por quem os sinos dobram. João Bénard da Costa foi, acima de tudo, um homem de Cultura totalmente inspirado pelo que é sublime e belo. Levou-nos, pela mão da sua escrita, a percorrer os mistérios da Arrábida, a ver em letras as imagens irrepetíveis de Casablanca, a sentir o adeus impossível de Bergman e Bogart, a descobrir um Rafael ou um Miguel Ângelo, único, numa cidade recôndita da Toscânia, a calcorrear as ruas de Nápoles, a descobrir as pautas do festival de Salzburg, a subir aos himalaias românticos e wagnerianos de Schwanstein, ou a conhecer a voz já rouca, pelo tempo, de outras Maria Callas. Bénard da Costa, deixou-nos um legado construído com a sua vida: uma casa encantada, onde cabe toda a Arte, onde cabe tudo o que é superlativo. Lá, todos ousaríamos, um dia, gostar de morar.
Paz à sua alma. Me curvo à memória de um mestre simples e humano.
ResponderEliminarQue o céu lhe dê o lugar que merece!
Belo texto, Daniel.
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