segunda-feira, maio 11, 2009
Isto é economia, estúpido
Numa pequena vila e estancia na costa sul da França, chove, e nada de especial acontece.
A crise sente-se.
Toda a gente deve a toda a gente, carregada de dividas.
Subitamente, um rico turista russo, chega ao foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100€ sobre o balcão, pede uma chave de quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100€, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100€ que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100€ e corre ao hotel a quem devia 100€ pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€.Recebe o dinheiro e sai.
Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido.
Contudo, todos liquidaram as suas dívidas e este elementos da pequena vila costeira encaram agora com optimismo o futuro.
Dá que pensar....
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É verdade, dá que pensar, pois revela muito sobre a tal "economia dos serviços" em que vivemos. Para começar, porque temos dificuldade em compreendê-la (por isso é que continuamos a falar da "economia real", como se ela fosse apenas a produção de bens na agrícultura e na indústria). Valem também para a puta, como reembolso dos créditos cedidos ao criador de gado, que muito terá gozado; valem para o fornecedor de leitões que certamente beneficiou de vender o leitão, de alguma forma; para o talhante e para o hoteleiro, da mesma forma...
ResponderEliminarO que é irrealista, na história, é o facto de todos deverem 100 euros a cada um dos outros. Se a história fosse mais realista, o hoteleiro deveria 97 ao talhante, este 94 ao fornecedor, este 90 ao criador e este 85 à puta, devendo esta, finalmente, 80 ao hotel. Aí já vias a criação de valor. Assim, não a vês; mas está lá.
E a julgar pelo exemplo da história, a criação de valor do passeio desta notinha de 100, é notável; vejamos: 100 para o talhante, mais 100 para o fornecedor (200), mais 100 para o criador (300), mais 100 para a puta (400), e mais 100 para o hotel (500). Pelas minhas contas, o russo "deu a ganhar", neste pequeno passeio, 500 euros à comunidade...
Bendito russo!!!!!
Viva o capitalismo!!!
A verdade, caro Carlos, é que há muito valor acrescentado nas transacções que descreveste: o aluguer dos quartos do hotel pela prostituta que vende serviços a crédito, certamente foram a benefício de algum desesperado desse tipo de atenções; esses 100 euros, valem para o hotel, seus empregados e donos, etc., para além da puta, dos comidos, chupados, lambidos, etc. que com ela estiveram;
Peço desculpa aos leitores, não sei editar comentários. A verdade é que o último parágrafo deveria ter aparecido a seguir ao parêntesis do primeiro parágrafo, e antes da frase "valem também para a puta..."
ResponderEliminarPeço desculpa pelo incómodo (dos leitores, não da puta que essa não se queixou nem a mim, nem na história...).
Xi Ventanias, isso foi uma rajada de palavrões. Soube-se eu editar comentários e punha lápis azul mesmo. LOL. abraços
ResponderEliminarcarlos
soubesse e não soube-se
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