quinta-feira, abril 30, 2009

O mito da Quinta



Uma das sonatas mais emblemáticas de Beethoven é, talvez, a Sonata a Kreutzer, uma obra para piano e violino publicada em 1805. Rodolphe Kreutzer, um exímio violinista francês a quem o compositor dedicara a obra na altura da sua publicação, nunca a apreciou ou tocou, alegando que tal era impossível dada a complexidade técnica da obra.

Beethoven tocou-a pela primeira vez em 1803, em Viena, sendo acompanhado ao violino por George Augustus Polgreen Bridgetower, um jovem mulato, filho de uma polaca-alemã e de um preto das Caraíbas, e que era um verdadeiro fenómeno musical, um autêntico virtuoso.

Terá sido a genialidade de Bridgetower que inspirou Beethoven a compor a sonata n°9 em Lá maior op. 47, inicialmente intitulada "Sonata Mullatica", e que lhe fora dedicada até ao dia em que, após uma discussão estúpida a propósito de uma mulher, Beethoven, num daqueles seus impulsos habituais, riscou o nome de Bridgetower e assim o condenou ao esquecimento das gerações vindouras, substituindo-o por um Kreutzer mal-agradecido e empertigado.

Bridgetower teve uma carreira de sucesso por essa Europa fora, apesar dos preconceitos racistas da época.
Rita Dove, professora da Universidade de Virgínia e escritora negra norte-americana recentemente laureada com o prémio Pulitzer para poesia, acaba de publicar um livro de poemas sobre esta história patética.

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