terça-feira, fevereiro 10, 2009

O capital não produz...

Alguns inteligentes descobriram a pólvora; dizem que os coelhos produzem e o capital não. Aqui e onde os quiserem ouvir, ver e ler. Com audiência garantida, nos deslumbrados meios de comunicação social nacionais e, muito especialmente, nos professores (tão produtivos, coitados...).

Queria apenas esclarecer o que é o capital. Primeiro, o capital é uma enxada. Ou qualquer outra ferramenta que um trabalhador utilize para aumentar a sua produtividade. Incluindo a sua formação profissional e a sua educação escolar - como se prova no caso do autor das ilustradas declarações supra reproduzidas, Francisco Louçã de sua graça.

Mas o capital não é só a enxada. É também a fábrica onde as enxadas são produzidas. E, já agora, onde trabalham outros trabalhadores a produzir enxadas, com outras ferramentas que permitem essa produção. E que, certamente, também são produzidas numa outra fábrica... E assim por diante, enquanto a inteligência do declarante supracitado não estiver fatigada.

Mas o capital não é só as fábricas onde se produzem enxadas e ferramentas para produzir enxadas. O capital também é a escola primária, secundária e a universidade, onde se formaram as pessoas que produzem as ferramentas para produzir enxadas. E onde trabalham as pessoas que formam essas que produzem as ditas ferramentas que produzem enxadas. E as que pensam em como é que se podem melhorar essas ferramentas, e essas enxadas, etc. Inclusive, onde se formam os declarantes da graça já referida. E trabalham.

Mas o capital não são só essas escolas, liceus e universidades. O capital é também o que permite que as nossas poupanças ao longo de uma vida de trabalho, nos assegure algum valor quando já não pudermos trabalhar.

Não só o trabalho do capital assegura o valor dessas reformas, como ainda permite aumentá-lo ao ponto do descalabro exagerado a que se chegou no mundo ocidental. Sem o capital, nunca teríamos chegado ao que nos habituamos.

Provem lá, depois de tudo isto que é simples, que duas notas de cem não produzem muitas notinhas de vinte; é só metê-las na toca certa, Dr. Louçã. É por estas, e por outras, muitas outras, que a solução não pode vir da Esquerda.

É possível um Portugal melhor. Basta querer.


Sem comentários:

Enviar um comentário