Apesar de um congresso sui generis, porque perde muito do seu significado discutir moções de estratégia, ou o seu equivalente, depois da eleição do líder, a verdade é que houve espaço para divergências, critícas e até afirmação de tendências. Finalmente.
Gostei muito do discurso inicial de Paulo Portas. Percebeu-se bem a mensagem e a estratégia. Creio ter igualmente percebido que PP quer, de facto, renovar o partido e promover figuras novas. Infelizmente, pareceu-me isolado nesse esforço. As estruturas que ajudou a criar ou que deixou criar, não estão com ele. Pelo contrário, estão presas a uma preservação de cadeiras que não lhes permite ver mais do que o próprio partido. Apesar do líder.
Não percebi a imprensa. O desejo de fazer cabeçalhos impediu-a de transmitir o que ali se passou e de perceber o que esteve em causa. O que esteve em causa, pareceu-me, foi uma inversão da estratégia do líder, Paulo Portas, que terá percebido que não é possível transformar Portugal com o actual centrão. Daí a sua insistência na independência e na autonomia do partido. Daí o seu sublinhado insistente na forma responsável como o partido tem sabido apresentar alternativas às políticas do Governo a que se opõe.
Porém, o partido que Paulo Portas moldou, habituou-se a cheirar o poder, mesmo quando seja pouco. Daí que a grande questão do congresso tenha sido o que fazer se o PS não conseguir maioria absoluta nas próximas eleições. Pareceu claro, apesar de nunca ter sido dito, que o partido e PP estão empenhados em não pertencer a nenhum governo do PS, assim como pareceu claro que não deixarão que o PS fique refém da extrema esquerda - isto é, se o PSD resistir à tentação do poder, o CDS encontrará respostas. A ver vamos - como faz sentido, reconheça-se.
Gostei muito da prestação de Filipe Anacoreta Correia e da sua Alternativa e Responsabilidade. Pela coragem do primeiro, desassombro até, e pela organização dos segundos. Completamente à margem das estruturas do partido, aliás, contra a organização do partido, conseguiram impor uma mensagem de ar novo, posicionando-se para um futuro que poderá ser próximo.
Não percebi a derrota da votação para eliminar as directas. Parece-me que alguém se deixou enganar... provavelmente a JC, autora da proposta, que não percebeu a tempo que deve ter havido um erro na contagem dos congressistas (um erro de cerca de 120 pessoas, diga-se já para que não restem dúvidas; não houve debandadas depois da primeira votação que justifiquem tal diferença entre o total da primeira e o total de todas as demais votações...).
Gostei muito de algumas das caras novas que Paulo Portas trouxe para o núcleo duro do partido. Especialmente de Assunção Crista. Tem presença, conteúdo e já tem peso específico próprio.
Receio bem que o partido continuará a ter muita dificuldade em fazer passar a sua mensagem para fora do partido. Esta comunicação social não está interessada nisso. Será preciso muita persistência e muita criatividade, para conseguir levar a água ao moinho.
Em balanço, concluo que PP está a progredir no sentido certo. Pareceu-me haver convicção em muitas das afirmações que fez no discurso de encerramento. Espero que o partido não o impeça disso. Creio que ficou demonstrado que há futuro no CDS, um ar novo que anda por aí.
Enfim, ninguém me contrariou. Continuo a poder afirmar:
É possível um Portugal melhor. Basta querer. E no CDS ainda vai havendo quem queira.
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