quarta-feira, novembro 12, 2008

DESEDUCAÇÃO

Tenho simpatia pessoal por Manuel Alegre mesmo que raras vezes concorde com as suas posições e com a forma algo errática com que encara o mundo e as realidades. Parece-me uma pessoa sincera, tremendamente espontânea e até partilho pontos de contacto com um par de opiniões de certo modo nacionalistas e tradicionalistas. Agrada-me ainda a sua raiz coimbrã e, sobretudo, a sua aficion pela Académica (como ninguém é perfeito, acho que ele é também adepto do Benfica). Tudo isto a propósito das suas declarações sobre a guerra entre a Ministra da Educação e os professores. Também considero que nesta matéria a política do Governo está totalmente errada, quer nos métodos, quer na substância. Ainda podia perceber a teimosia da Ministra ao insistir num sistema de avaliação, que aparentemente não funciona, se visse que a Ministra mantinha o mesmo empenho na real melhoria do ensino e formação dos alunos em vez de apostar na cosmética dos resultados estatísticos relativos às classificações e ao abandono escolar. A Ministra, destruindo os professores, premiando o facilitismo e promovendo a ignorância, prejudicará gerações de crianças e, tal como refere Manuel Alegre, terá um efeito altamente perverso na igualdade de oportunidades.

3 comentários:

  1. Há apenas um facto que me aborrece. Não assinaram os professores, através dos seus representantes sindicais um acordo que agora negam?

    Se é isso verdade, porque é que se há-de criticar a ministra e não os sindicatos ou os professores?

    Ou será que os acordos rasgam-se quando uma das partes não lhe agrada o que acordou anteriormente?

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  2. Não só concordo com o amigo teófilo, aqui de cima, como ainda penso que há aqui um problema de fundo muito grave: pode ser que este sistema de avaliação não seja o melhor, mas é certamente um esforço sério de distinguir os bons dos maus, e entre os bons os melhores. A aplicação do sistema, como de todos os sistemas, depende sempre das pessoas que os aplicam. Isto é, dos próprios professores que autoavaliam e avaliam. E a verdade é que nunca os ouvimos propor qualquer outro sistema de avaliação. Sério.

    No resto, também concordo que o governo poderia ter adoptado uma atitude mais construtiva, desde o início do processo. Embora reconheça que com classes poderosas e organizadas como a dos professores, nunca é fácil. Como se prova agora.

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  3. Não concordo com o conteúdo do post pois é demasiado redutor. Manuel Alegre está a cometer o mesmo "pecado" de Cavaco: anda a pescar votos na área da esquerda, a fim de, na próxima campanha, ter a unidade de toda a esquerda, no entanto, como militante do PS, está a enfiar a carapuça que já muitos lhe têm apontado: anda a parasitar o partido, aproveitando-se dele para o que lhe importa e descartando o partido na curva em que vislumbra a primeira oportunidade de negócio. Votei nele, mas se continuar com este sistemático criticismo só para aparecer ao lado de um certo vanguardismo de esquerda, completamente DEPENDENTE dele, terei que extraír as minhas ilações...
    Cavaco tem medo do PSD da Madeira e cala-se perante atropelos. Alegre tem medo de dividir a esquerda e alinha em todos os folclores demagógicos!
    O processo de avaliação é intrinsecamente bom: corrige o nivelamento absurdo que ora se verifica.
    A injustiça vigente deverá ser corrigida. Mas há que evitar vícios de governamentalização desta medida, casos de perseguição sectária, possíveis situações de ataque pessoal a pretexto da avaliação. É melindroso o processo, mas tal não significa que deva ser metido na gaveta como fez Mário Soares ao socialismo democrático.

    Como apartidário, só vejo uma saída: o governo seguir em frente e não se desviar do rumo traçado, sob pena de ser acusado de ceder à tentação demagógica, ao populismo bacoco da esquerda e da direita arruaceira!

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