sexta-feira, setembro 05, 2008

Rumos democrata cristãos

Um belo dia, aqui há muitos anos, no tempo do CDS do Prof. Adriano Moreira, fui desafiado a participar num seminário sobre legislação do trabalho, no Porto. Quando se intervinha, era-se solicitado a esclarecer, entre outras coisas, a preferência político-partidária. Tendo-me parecido cretina a exigência - que diabo interessavam as preferências partidárias para colocar questões sobre legislação laboral - encontrei uma resposta que revelava o que sentia e pensava, sem no entanto o afirmar. Disse então:

Sendo cristão e democrata, é natural que seja potencialmente democrata-cristão.

Ainda hoje assim me sinto. Primeiro cristão. É o que me define como homem. Depois democrata, pois acredito que a democracia é o melhor sistema de organização política das sociedades humanas, terrenas. Não apenas o menos mau, mas verdadeiramente o melhor; porque permite a alternância sem revolução e porque assegura o bom senso das escolhas para além do pensamento das inteligências. Isso não me impede de pensar que cada institucionalização da democracia é questionável, criticável e aperfeiçoável.

Do mesmo modo, também me continuo a considerar democrata-cristão. Para mim, qualquer rumo que um partido democrata-cristão assuma há-de assentar nestas duas premissas, verdadeira filosofia de vida em que acredito profundamente: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Por conseguinte, também para o CDS actual, defendo um rumo em que da primeira premissa decorrem as ideias de eternidade, posteridade, ambientalismo, responsabilidade individual e colectiva.

Penso que é nossa obrigação pensar a nossa sociedade e o País como coisas que não são nossas, são anteriores e posteriores a nós. Por isso mesmo, devemos organizá-las e aos seus recursos, pensando não só nos mais desfavorecidos, mas igualmente nos que virão depois de nós.

Da segunda premissa, decorrem ideias de proximidade, simplificação, humanidade e também de responsabilização. Entendo que devemos organizar a coisa pública de forma a assegurar que a resolução dos problemas é tão próxima deles quanto for possível, e que são os "próximos" dos problemas e dos outros que devem assumir as responsabilidades principais. Que se deve confiar nos cidadãos, não apenas em declarações, mas sobretudo nas declarações que façam e se lhes exijam. Que se deve punir seriamente quem quebre essa responsabilidade básica. Que se devem organizar as cidades, escolas, centros de saúde e de segurança, de forma a responsabilizar quem delas beneficia e as utiliza pela forma como são geridas, financiadas e dotadas dos recursos necessários.

Das duas premissas concluo que o Homem é imperfeito e que o Poder corrompe; tanto mais absolutamente quanto se acredite que tudo se esgota aqui, nesta nossa vida. Por isso quero sempre sistemas em que os homens sejam controlados, tão eficazmente quanto possível, pelos seus pares e quero sobretudo uma organização do Estado transparente que permita a menor concentração de poder possível. A descentralização, para mim, é uma questão filosófica. A organização da sociedade e da cidade em centros de dimensão Humana, onde a resolução dos problemas é possível, é para mim uma questão de VISÃO. É, por isso, também a minha MISSÃO.

HÁ RUMO PARA A DEMOCRACIA CRISTÃ. Mesmo para a portuguesa. Que pode ser melhor. Basta querer.

E EU QUERO MUITO. Por isso mesmo, aqui me assumo. Francisco Meireles.

8 comentários:

  1. Faz todo o sentido sim senhor
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    Para quem for cristão e democrata
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    Mas
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    Pode ser-se cristão (ou adepto de qualquer outra superstição) e ser democrata?
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    Pode ser-se cristão e monarquico, cristão e fascista (social ou não), e, se calhar cristão e mais uma data de coisas, mas
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    Não se pode ser monarquico e democrata (é mais que claro), e
    cristão e democrata, pode?
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    Para maioria de vós, claro que pode, mas
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    e para quem pensa mais um bocadinho,
    pode?

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  2. Não se pode ser monárquico e democrata ? Pouco viajado este ser pensador, não conhece as democracias mais abertas e verdadeiras da Europa. Aproveite as low cost !

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  3. qual a contradição de ser cristão e democrata?
    e já agora, a definição de superstição, retirada do wikipédia: "Superstição é uma crença irracional sobre a relação causal entre certas acções ou comportamentos e ocorrências posteriores" - comparar isso a uma religião não faz de si uma pessoa que "pensa mais um bocadinho"...

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  4. Estou certo que o ser que pensa mais um bocadinho anónimo acha que é possível ser:

    judeu e democrata;

    muçulmano e democrata;

    ateu e democrata;

    agnóstico e democrata;

    Provavelmente até comunista e democrata.

    Portanto, não merece mais comentários.

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  5. "Ventanias disse...

    Estou certo que o ser que pensa mais um bocadinho anónimo acha que é possível ser:

    judeu e democrata;

    muçulmano e democrata;"

    pensa estar certo, mais uma vez está errado.

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  6. "Ventanias disse...

    ateu e democrata;

    agnóstico e democrata;"

    Não me tente (outros já o tentaram) explicar a diferença entre ateu e agnóstico (não faz sentido)

    Não há qualquer conflito entre as duas esferar, pelo que claro que se pode ser ateu e democrata, ou ser ateu e não ser democrata.
    Não tem nada a ver uma coisa com a outra!

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  7. "Provavelmente até comunista e democrata."

    Só pode ser comunista se for democrata!!!!!!!!!!!

    Se não for democrata não é comunista!!!!!!!!

    Mas pode ser-se democrata sem se ser comunista.

    Como se pode nem ser comunista nem ser democrata.

    Não se pode é ser cristão (ou adepto de qualquer outra suoerstição do género, e ser democrata.

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  8. "Não se pode ser monárquico e democrata ? Pouco viajado este ser pensador, não conhece as democracias mais abertas e verdadeiras da Europa. Aproveite as low cost !"

    A monarquia é a negação da democracia!!!!!

    Algumas (quase) democracias lá vão mantendo (a pão de ló) uma(s) famílias de animais desses para exibição.

    Eles já estão mortos há muito,mas (tal como fizeram ao V/ Salazar depois de cair da cadeira) ainda não acharam por bem dizer-lhes.

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