Quando nada o fazia supor, eis que o Presidente da República, o cada vez menos insuspeito Cavaco Silva, resolveu dizer que o Governo devia dar maior atenção às pequenas e médias empresas. Para o executivo de José Sócrates, a coisa nem aquece nem arrefece. Vamos limitar-nos a ver o ministro da Economia, o cada vez mais pequeno Manuel Pinho, a desfiar o que já fez em prol das PME desde que foi chamado do Banco Espírito Santo a tão altas funções. E só veremos Sócrates preocupar-se com o assunto se Pinho, no meio da listagem, disser alguma inconveniência sobre Cavaco - o que, a ver pelo historial, é altamente provável. Convém é recordar que Marques Mendes disse há algumas semanas que, se chegasse a primeiro-ministro (meu Deus), teria um ministro das PME - provavelmente o cada vez mais suspeito presidente da associação PME Portugal. Ora, o candidato a substituir-se a si próprio na liderança do menos pequeno dos partidos da oposição vai concerteza aproveitar para realçar a concordância de pontos de vista com o Presidente da República - coisa que, não deixará por certo de explicar, será muito difícil de conseguir por parte do seu opositor, o cada vez viajado Luís Filipe Menezes. Um apoio de peso para Marques Mendes, de que nem o próprio estaria à espera.
Caro Ernesto,
ResponderEliminarQuando se quer apenas criticar, é sempre possível.
A verdade é que, admitindo embora que lhe possam faltar algumas características relevantes a uma liderança, ele é sem dúvida e de longe o mais qualificado dos líderes políticos "reinantes", Sócrates incluído. Ele é o único que transporta e procura transportar para o espaço público um mínimo de moralidade e correcção, não apenas pela palavra mas pela acção. vejamos alguns exemplos:
- Ele está disposto a arriscar a vitória prescindindo de candidatos autárquicos ganhadores numa fase crucial da sua afirmação, não por questões jurídicas, mas por (relevante, a meu ver)opção política;
- Ele é o primeiro líder, na oposição, a propor a um governo um pacto de regime em áreas críticas, em seu claro prejuízo mas em benefício do país (foi aceite, apenas, o da justiça e após intervenção do PR);
- Ele nunca criticou, demagógicamente, o essencial das poucas reformas que este Gov. efectuou, como na seg. social ou mesmo em termos de funcionários públicos, antes criticou a falta de ambição dessas reformas.
- Diga-se o que se disser, foi ele o responsável pela discussão em torno da OTA, contra tudo e todos.
- Ele é o responsável pela proposta de reforma da Seg. Social que, mais cedo ou mai tarde vai acabar por vingar;
- Para não me alongar mais, é ele quem tem insistido pelas medidas de apoio às PME, noneadamente numa altura de fascínio pelos grandes investimentos.
Preste-se a devida atenção e abandonem-se alguns preconceitos e nessa altura, com todas as críticas possíveis, talvez se consiga vislumbrar um pouco mais aquilo que verdadeiramente fica de cada um dos consulados que lidera os partidos.
Caro: o que escrevi não serve como crítica a Marques Mendes, mas a Cavaco Silva, que considero não ter nada a ver com o assunto das internas no PSD. De qualquer modo, Mendes é bastante criticável. O mínimo que dele se pode dizer - e digamos que isto é uma crítica 'intangível' - é que não tem qualquer carisma para liderar o partido. Mal ou bem, a verdade é que os eleitores também procuram isso quando votam nas legislativas.
ResponderEliminarUm abraço. E.S.