quinta-feira, julho 05, 2007

QUEM TEM MEDO DO REFERENDO?

Eu compreendo perfeitamente que os governos por essa Europa fora não queiram referendar o tratado que cozinharam. De facto, os povos têm o defeito de serem imprevisíveis e, por vezes, irresponsáveis, pelo que ainda iam criar uma enorme confusão e desaproveitar o mundo perfeito que os seus iluminados (uns mais dos que outros) líderes lhes oferecem.
É lamentável que eles nos tomem por parvos e irão, como é natural, arrepender-se.
Bem sei que é um lugar comum dizer que não se deve construir a Europa contra os cidadãos, mas nem por isso a tese deixa de ser verdadeira. Sou a favor do referendo, não porque ache que agora estão em causa matérias mais importantes do que em ocasiões anteriores, mas precisamente porque nunca fui ouvido sobre nada.
É surpreendente, ou talvez não, que os governantes, mal avisados, em vez de tirarem as devidas consequências do que se passou em França e na Holanda, decidam resolver o problema acabando com as consultas populares. Ora, como é bom de ver, não conseguirão com este artifício acabar com a opinião dos cidadãos. A ausência de referendo é a sopa da vida perfeita para o aparecimento de correntes demagógicas e populistas, precisamente o que aparentemente se pretendia evitar, pois não existe o perigo de consequências.
Por tudo isto, custa-me muito entender a posição do CDS. Dizer que uma opinião sobre o referendo é prematura porque ainda não se conhece o conteúdo exacto e integral do tratado é puro logro político. O que já se conhece sobre o tratado é mais do que suficiente para justificar um referendo e abdicar dele só tem um resultado: ajudar o Governo Sócrates. Porquê e para quê?

8 comentários:

  1. Sempre fui a favor do referendo mesmo quando alguns, ab inito, o consideravam coisa do mafarrico (PCP).
    Contudo, ao analisar friamente o comportamento do PP (povo português) nos últimos referendos, tenho as minhas reservas.
    O povo entende (se calhar bem) que os assuntos são de tal melindre que melhor será a decisão ser tomada por gente com qualificação (estilo "comité de sábios"), gente com capacidade e fundamentação para opinar.
    Não que o povo negue o "aprofundamento da democracia" mas, a contrario, o povo reconhece que há assuntos que não domina em profundidade, daí a delegação de poderes em quem sabe.
    Ou seja: o povo dá razão aos "Elitistas", reconhece que mil pouco inteligentes poderão tomar (por maioria) uma decisão insensata; reconhece que uma minoria, desde que representativa e cultural e tecnicamente abalizada pode (e deve) ser auscultada em seu lugar.
    Como diria o "almirante sem medo": O POVO É SERENO!...

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  2. Bernardo

    Esta malta é um tratado!

    Um abraço

    JAC

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  3. Boa Bernardo! E ...Bravo!
    Quanto às perguntas finais que ali deixa, deixe-me dizer-lhe que se calhar não gostava de conhecer as respostas ou que ainda não está preparado para elas, mas daqui a uns tempitos, mais discurso, menos discurso do Portas, e já perceberá por onde vos leva esta direcção do PP. Bon courage!

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  4. Eu acho que se devia ter referendado a entrada na CEE, o tratado de Mastricht ou a entrada no euro.
    Ãgora já não vale a pena. Só serve para gastar dinheiro desnecesariamente.

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  5. Concordo totalmente com o "sg".
    Referendos para os "temas irreversiveis" independentemente da cor politica dos governos, ou seja: entrada na CEE, Mastricht e entrada no euro.
    Já não concordo com referendos ao aborto, regionalização, porque isto são tema REVERSIVEIS consoante a cor politica do governo!

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  6. Ainda não se lembraram de fazer um referendo sobre a OPA chinesa ao Benfica!!!

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  7. consta que em Braga se vai fazer um referendo sobre a estátua ao cónego. O povo é quem mais ordena ou não?

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  8. Os políticos só fazem referendos quando acham que o povo não pensa de forma diferente deles. Na dúvida ninguém defende referendos.
    Vejam lá se agora, que começa a ganhar verdadeiramente força a tese de que o país só se desenvolverá com regionalização, que referendo é que eles propõem?
    O de uma coisa que não pode ser feito de modo diferente.

    Agora a sério. Se o Marques Mendes não sair dali depressa vamos estar muito mal!

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