terça-feira, julho 31, 2007

Alegre esquecimento

Só hoje pude ler o artigo de Manuel Alegre sobre a liberdade e coisa e tal.
Não tenho nada a reprovar ao tal artigo, até porque o político-poeta escreve maravilhosamente.
Há só ali uma pequena “coisa” que me irrita solenemente, não que ele não tenha razão neste parágrafo:

"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história , desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE".

E o que me irrita solenemente é o “esquecimento” da primeira república, período absolutamente incomparável nos atentados às liberdades dos portugueses.

Há uma certa esquerda que insiste em passar uma esponja por cima da 1ª república.

Há uns certos políticos que insistem em não querer ver, uns por serem analfabetos, outros, como é o caso, porque não lhes dá jeito.

Há uns certos historiadores que insistem em reescrever a história, pensando que já que os seus compatriotas lêem maioritariamente “A bola”, não darão pela verdade.

Já que a dita senhora está para fazer 100 anos, já é altura de associarmos a 1ª república aos piores momentos da nossa história, incluindo-a na categoria das diversas ditaduras que tivemos.

4 comentários:

  1. Caro José Mexia:

    Cultiva uma obsessão altamente patológica, vê "coisas" onde ninguém mais vê.

    De facto ao realçar dois "picos" na nossa História não se está a esconder nenhuma parte da História pátria como de forma pouco fundamentada (nada!) sustenta.

    O Santo Ofício e o regime que se estribou na Pide/DGS foram dois marcos de ausência de liberdades.

    É óbvio que na 1º República poderá ter havido excessos neste ( e até noutros) domínio, mas o articulista não omite nenhum período histórico. Realça, apenas e tão-somente, aqueles períodos mais dolorosos, em que as liberdades fundamentais estiveram coarctadas.

    Agora denunciar abusos e procurar corrigir atropelos é uma tarefa eminentemente democrática e pedagógica. Este blogue faz bem em denunciar o que estiver mal e for atentatório das mais elementares liberdades. Continue, até que a voz lhe doa...

    ResponderEliminar
  2. A História está constantemente a ser "reescrita", não é um compartimento estanque, não admite leitura única, não se vê por um prisma monolítico. E ainda bem que assim o é.

    Não sei se pertence ao "Club dos Pensadores", mas se de facto está inserido nesse "nicho de alta intelectualidade", nesse "alfobre de elites", então, valha-me Deus, perdeu uma boa oportunidade para estar em silêncio!

    ResponderEliminar
  3. Não, meu caro "rouxinol de bernardim", o único clube a que pertenço é o Boavista.
    Nada do que disse, contraria o meu texto. Engana-se em relação á 1ª república, período desumano, que até faz parecer o estado novo uma brincadeira de crinças.
    Aconselho-o a ler.
    Ler fora da cartilha oficiosa.

    ResponderEliminar
  4. Caro José Mexia,

    O problema em qualificar a I República como uma ditadura é que o conceito de ditadura pressupõe geralmente um poder central forte e autoritário. O que se passe com a I República é que, durante largos períodos da sua vigência, foi um regime de generalizada bandalheira, sem rei nem roque, anárquico e sem ninguém ao leme. Veja-se o exemplo da carnificina da camioneta da morte, de 19 de Outubro de 1921.
    Independentemente da sua qualificação ou não como ditadura, numa coisa estamos 100% de acordo: a I República foi um período negríssimo da História de Portugal e é incompreensível como é que ainda hoje há quem festeje esse período aberrante, como quem festeja uma grande coisa.

    ResponderEliminar