Olá, voltei!
Depois de meses de preguiça - ajudada convenientemente por um problema informático relacionado com o acesso ao "novo" formato do blogue - regresso com alguma fome de escrita.
Ao longo destes meses na situação cómoda de espectador, senti, contudo, alguma frustração ao não participar na discussão dos temas quentes que por aqui passaram. Por vezes a vontade era grande, a discussão acesa, as opiniões muitas, mas.....por mais que tentasse, nada!
Não havia forma de aceder ao blogue e entrar neste mundo fantástico em que partilhamos com alguns amigos aquilo que nos vai cá dentro, sem pensar que somos lidos por muitos mais dos que pertencem àquele círculo restrito com que iniciámos a conversa. E se calhar pensamos...
Mas hoje, com a preciosa ajuda do Carlos, estou de regresso.
Não tenho jeito para "voyeur", a passividade não é o meu forte, e o momento é fértil em acontecimentos e notícias que exigem alguma reflexão e intervenção.
Por exemplo, o "Prós e Contras" de ontem. Sobretudo o seu tema, o Porto, o Norte, o eterno confronto com a capital.
Um painel de luxo, com o Rui Moreira, o Ludjero Marques, o Luís Portela, o Belmiro de Azevedo. E o Presidente da Câmara do Porto.
E uma plateia também de luxo, com alguns dos nomes de mais destaque na cidade e responsabilidade nas mais variadas áreas. Pode-se mesmo dizer, era a cidade que ali estava.
Talvez por isso, esperava mais.
Não da Fátima Campos Ferreira, com aquela agressividade e aquele poder de cortar as ideias e o discurso de quem está no uso da palavra, já é um velho hábito que nunca desilude.
Mas de todos os outros participantes, excepção feita ao Rui Moreira e ao Luís Portela, que desfilaram o tradicional rol de queixumes e a habitual visão do Porto em declínio acentuado. Os motivos, também os do costume.
O Presidente da Câmara, no seu registo habitual, continua preocupado com as contas e com os bairros sociais. Nada a criticar, antes pelo contrário. Mas o Porto não é só isso. E para programa político da cidade que o Porto é - e aspira a mais - continua a parecer-me curto.
Deu-me a sensação, isso sim, que a grande preocupação começa a ser passar uma imagem que transcenda a Circunvalação e o Douro, à procura de outros vôos.
Quanto aos outros, como já disse, confesso que esperava mais. Os problemas não são apenas os de uma cidade que perde habitantes continuamente, que tem grande parte do seu edificado vazio e em estado de degradação acelerado, com uma Baixa e um Centro Histórico ao abandono e sem alma ( nem vivalma), um programa de reabilitação urbana casuítica e pontual - pelo menos para já-, uma vida cultural que, tirando Serralves, o Coliseu e a Casa da Música, é praticamente residual e assente numa filosofia revisteira e de puro entretenimento, uma mobilidade difícil, enfim, um diagnóstico que está feito e refeito, que qualquer dia sabemos de cor e salteado.
O que eu esperava era o assumir de uma vontade, face ao diagnóstico: a vontade de dizer basta! vamos mudar. Agora! A vontade dos empresários fazerem regresar ao Porto e ao Norte o peso económico que já teve. A vontade de não levarem os seus centros de decisão para Lisboa. A independência face ao poder político, qualquer que seja o partido no Poder. Veja-se o caso do estudo sobre Alcochete e o sigilo sobre os seus financiadores. É preciso perceber que o peso económico gera peso político, e tendo-o, será escusado passar a vida a correr para Lisboa, de chapéu na mão, com a convicção que é lá que tudo se resolve e tudo se passa.
Esperava também a afirmação do poder e do peso político do Porto e do Norte face ao poder central. Mas isso seria desconhecer as várias subserviências partidárias existentes e o quanto elas influem no caso. Daí a contradição, o reenvindicar publicamente cá em cima e o esbatimento do enfase reenvidicativo depois de passar o Douro e o Mondego. Talvez a regionalização ajude.
Enfim, ao ver a Cidade reunida, esperava mais do que um simples programa de televisão.
Mas parece-me que isso era esperar demais....
Uma bela reflexão e concordo com tudo o que foi dito neste post. É bom ver que há mais gente que pensa como eu...começava a recear ser o único revoltado.
ResponderEliminarAbraço,
Manuel
Eu sou cá do Sul, da linda Sintra
ResponderEliminarque cativou o Calisto de Benevides.
Sou quase da sua opinião: os "re-
presentantes" do Porto pareceram-
-me derrotistas, sem ideias, mui-
to receosos... Porque terá sido?
Quanto à regionalização, nem pen-
sar nisso. Que seria de Portugal
sem o Porto e o Norte? Eu gosto
dos portugueses do norte e por
isso devem continuar ligados a
este mítico "centralismo".
Além do mais não estamos na dis-
posição de ir por aí acima...
Cumprimentos
Fernando Marques - Sintra
(sem rei nem fidalguia)
uma bela reflexão, é pena que quando foi Vereador da CM Porto durante o mandato do Rui Rio não tenha feito nada... nem na Câmara aparecia, nem nas reuniões...
ResponderEliminarEspero que agora também promovam um "Prós e Contras" cujo tema seria por ex. a Beira Interior e o eterno confronto com a capital.
ResponderEliminar... e depois um "Prós e Contras" o Alentejo vs a Capital, etc, etc.
Ou uns são Portugueses de 1ª, outros de 2ª e 90% do território são Portugueses de 3ª?!