Primeiro: quem tem interesses a favor da Ota, nomeadamente os autarcas da região Oeste, vai intervir para defender a Ota. É natural. O importante é perceber em que medida esses interesses se apoiam em argumentos à escala nacional e qual a validade desses argumentos.
Segundo: quem especulou investindo em terrenos na Ota, fez isso mesmo: especulou. Apostou numa eventual decisão, correndo o risco dela não se concretizar, contra vir a beneficiar dela no caso inverso. Se a decisão agora for alterada, o risco verifica-se e o benefício não se concretiza. É esse o jogo da especulação.
Terceiro: não há obras da dimensão de um aeroporto internacional que não tenham impacto ambiental. Aliás, até a mera construção de um poço para captação de água tem impacto ambiental. Por conseguinte, na vertente ambiental, as questões essenciais são saber se há algum impacto irreversível e, no caso afirmativo, qual; e bem assim, saber como é que se minimizam os impactos não irreversíveis. Quanto aos primeiros, há que ponderá-los e decidir. Quanto aos segundos há que encontrar as melhores soluções possíveis aos menores custos disponíveis.
Quarto: as questões do ordenamento do território deveriam ser das mais relevantes na decisão de construção de uma infraestrutura da dimensão de um aeroporto internacional. É importante que essas questões apareçam, com clareza, e que se perceba quais serão as consequências previsíveis de uma ou outra decisão.
Quinto: os custos das duas opções deveriam ser claramente explicitados. Nomeadamente, da possibilidade de construção faseada.
Sexto: a integração de cada uma das opções na política de transportes nacional deveria ser explicitada. E as respectivas consequências avaliadas. Sobretudo para o transporte de mercadorias.
Sétimo: a questão que se me afigura mais urgente, é a do modelo de privatização da Ana. Alguém, e espero que seja o CDS, por todas as razões, deveria defender (depois de estudar, se assim o quiser) as vantagens de separar a gestão de cada um dos aeroportos. E as suas privatizações separadas. Ou pelo menos, a possibilidade de se privatizar por leilão, admitindo a possibilidade de aparecerem candidatos só a um dos aeroportos. E fazer as contas de qual seria a solução mais rentável, no curto e no longo prazo. A mim parece-me óbvio que, no longo prazo, a privatização separada seria mais rentável (com eventual excepção da Portela que poderia ser integrada no pacote do novo aeroporto; mas preferiria a separação).
À primeira vista Alcochete parece preferível á Ota e seria de elogiar a atitude do Governo ao suspender a decisão de construir um aeroporto na Ota até ter o tal estudo comparativo.
ResponderEliminarTemo no entanto que se esteja em presença de uma jogada magistral para ajudar António Costa na corrida à Câmara de Lisboa.
É que a campanha para a Câmara iría transformar-se numa imensa discussão a favor ou contra a Ota em que a favor estaria só um candidato, António Costa e contra estariam todos os outros.
Assim, adiando a decisão sobre a Ota, desmantelou-se completamente a estratégia dos onze adversários de António Costa e, passado o período eleitoral, o Governo pode voltar à Ota.
Caro "o raio",
ResponderEliminarA ser verdade que o acordo entre Sócrates e a CIP ocorreu há 3 meses, é difícil aceitar que a decisão de estudar Alcochete faça parte de uma estratégia para evitar a discussão da Ota na campanha para Lisboa. Pode ser que a beneficie, mas não terá sido esse o verdadeiro motivo...
Por outro lado, se houver responsabilidade dos demais candidatos, a decisão do novo aeroporto de Lisboa há-de ser um dos temas relevantes da campanha. Não faz sentido que seja de outra maneira, sendo o aeroporto uma infraestrutura da importância que é.
Em vez de se discutir o raio do aeroporto devia-se discutir, seriamente, a demissão do ministro da saúde:
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