A ausência do Nortadas, leva a que só hoje consiga escrever sobre o desaparecimento de Madeleine.
Tenho-o vivido como viveria qualquer desaparecimento de uma criança: com fúria e esperança.
Fúria por pensar que alguém pode fazer do rapto o seu dia a dia.
Esperança que o final seja o mais feliz possível. Mas que acima de tudo tenha um final. Não existe nada pior do que a dúvida e a incerteza.
Ouve-se algumas vozes criticando a "sede" da comunicação social e outras criticando a "cumplicidade" dos pais que vão alimentando os media. Os primeiros mais não fazem do que procurar dar cobertura a um caso que "explodiu" e que foi crescendo com a óbvia colaboração dos próprios.
Os pais vêem na comunicação social e nas pessoas que diariamente consomem a informação a esperança que as buscas continuem e que consigam reaver a filha. Estão errados? Estarão certos? Só o futuro o dirá.
Mas acima de tudo este caso pode e deve servir de alerta para todos nós, sejamos pais ou apenas humanos responsáveis: cuidar das nossas crianças e defênde-las dos inúmeros perigos que existem numa sociedade que vai perdendo valores dia após dia.
E que desta forma aumentem os investimentos nas policias de investigação.
E que todos e cada um de nós procure as "madeleine" desta vida.
Não me parece que se possa criticar os pais da Madeleine na sua relação com a comunicação social. O que eles não querem é que deixe de se falar deste caso, que deixe de se procurar, e que a filha passe a ser um nome anónimo no meio de uma lista qualquer de crianças desaparecidas. Para isso, deve fazer-se rigorosamente tudo. O que eu não consigo imaginar quando olho para as fotografias daqueles pais é como eles vivem, ou como se pode continuar a viver sem saber onde está um filho, o que ele está a sentir, o que lhe fizeram, ou se vai voltar, ou não, algum dia. Acerca deste caso acho que estamos todos de acordo. Deus queira que a Madeleine volte depressa e com vida!
ResponderEliminarOu eu não estou a ver bem as coisas, ou a Madeleine a esta hora já está morta. Como é óbvio, com a cobertura comunicacional e mundial do caso, tornou-se algo que era perigoso alguém ter em seu poder. Quem a detinha teve que se livrar dela.
ResponderEliminarNão parece elementar?
Caro Funes,
ResponderEliminarEsse era um dos perigos desta mediatização do caso. Claro que neste momento a pobre Madeleine é explosiva e ninguém a vai querer ter em seu poder. O que no entanto também lhe pode salvar a vida, pois quem a raptou pode não ser um assassino. E num último acto resolver "abandonar" a criança. Mas reitero que este caso sirva de alerta para toda uma comunidade, mesmo aquela que se dedica a raptos, a violações, ou seja a maltratar as crianças: o mundo está alerta. E mobiliza-se. Nem sempre é verdade.
Caro Carlos Furtado,
ResponderEliminarUma coisa é estar alerta e mobilizado. Outra, completamente diferente - e a única que interessa às cadeias de televisão que deslocaram para a praia da Luz os seus jornalistas - é a exploração da dor íntima, da tragédia alheia, da emoção fácil e captadora de audiências.
Não sei se é a única coisa que interessa às cadeias televisivas e à comunicação social. Ou melhor, às ditas cadeias, acredito. Não às pessoas que fazem parte delas e que são as que fazem os relatos e difundem as notícias. A maior parte deve ter filhos e deve querer ajudar. E se fosse verdade que sem difusão noticiosa as coisas corriam melhor, o caso do Rui Pedro teria tido um fim mais feliz, não?!
ResponderEliminarMinha cara Paula Faria,
ResponderEliminarAo que consta o Rui Pedro está vivo. Não me parece nada que a Madeleine o esteja.
Não me atrevo a dizer que isto signifique que o caso do Rui Pedro teve um final mais feliz. Nem como pai.
Agora uma coisa eu sei: se em Edimburg, p. ex., um filho pegasse numa moto-serra e serrasse o pai e a mãe e congelasse depois os bocados, para os comer mais tarde, as baterias de jornalistas que estão na praia da Luz deixariam imediatamente cair o caso Madeleine e passavam para o do canibal de Edimburg. Nunca mais se falaria na miúda. Nem os jornalistas, nem os espectadores.
Aliás, dizer jornalistas é um eufemismo. São predradores da desgraça alheia.
Não sabemos quem está vivo... Acerca dos jornalistas, acho que tem toda a razão quando diz que são "volúveis", e esse talvez seja um dos motivos que levam os pais da madeleine a querer mantê-los atentos. Apesar de tudo, acho que têm uma função importante a desempenhar nas primeiras horas do desaparecimento de qualquer criança ao divulgarem o caso, ao publicar as fotografias da criança e ao permitirem torná-la identificável pelos cidadãos (em estações de serviço, portagens, aeroportos, etc). Só que, neste caso, pelos vistos, não resultou até agora...
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