Sei que têm perguntado por mim e questionado a minha actividade ultimamente.
Para que não restem dúvidas, aqui vai um dos meus imensos afazeres das últimas semanas:
Comprei seis (6) postas de bacalhau razoavelmente boas (no Algarve não se pode ser exigente nesta matéria).
Qual escuteiro de trazer por casa, preparei umas brasas com todo o cuidado, de maneira a que ficassem espalhadas por todo o miserável barbecue com que tive de “trabalhar”.
Arranjei também umas batatas para cozer com casca, que evidentemente deixavam muito a desejar, mas é como digo, no Algarve não se pode ser muito exigente.
Estivesse eu nas Beiras ou no Minho e a coisa piava mais fino.
Dando início à coisa propriamente dita, comecei por abrir um tinto do Alentejo, que estava soberbo.
Se o tempo tivesse ajudado, teria começado com um branco, provavelmente da Península de Setúbal, os melhores do País na minha opinião.
Depois de acesas as brasas, deglutir um pouco (pouco é como quem diz) de néctar dos Deuses, e ouvir dos restantes convivas as melhores maneiras de dar cabo do jantar, comecei a tratar do assunto.
Felizmente nesta como noutras matérias, faço o que a minha consciência me manda, sem pressões de ninguém, por isso segui á risca a minha receita, para tristeza de uns que queriam fazer conforme a sua vontade.
Mas desta vez fui eu o cozinheiro, e quando sou eu o cozinheiro, desculpem o termo, quero que todos se lixem.
Nas postas do peixe em questão não se toca, deitam-se sobre a grelha aí a uns dez centímetros das brasas e a natureza faz o seu trabalho, deixando ao alto critério do cozinheiro saber quando as deve virar e retirar definitivamente.
Enquanto tudo isto se passa, pega-se numa panela e deita-se uma dose generosa de azeite lá para dentro, com bastantes dentes de alho esmigalhados, e uma ou duas maravilhosas cebolas do Algarve cortadas ás rodelas.
Deixa-se ferver uns minutos.
Se o barbecue fosse decente retiravam-se as batatas pouco cozidas da panela, e colocávamo-las junto ás postas de bacalhau. Como não é o caso, ficam um bocado sem graça, mas não há nada a fazer.
Quando finalmente a noite algarvia está cheia de odores maravilhosos, retira-se com muito cuidado as postas da grelha, e colocam-se numa travessa de barro.
Deita-se o azeite fervido com alho e cebola por cima, de maneira a que o bacalhau fique quase a nadar nesta maravilha Mediterrânica.
Imprescindível arranjar um bom pão algarvio, o que não é difícil pois é o melhor que aquela solarenga região tem.
O resto já podem imaginar, muita conversa, muita discussão, muita coisa dita sem nexo e razão.
Ficando este humilde cozinheiro com a consciência tranquila de ter feito o melhor que podia.
Caro Zé,
ResponderEliminarsobre os teus «cozinhados», já sabes a minha opinião. Quanto ao resto, é sempre bom quando regressas.
um ab,
Caro Filipe,
ResponderEliminarNeste caso trata-se mesmo de «alta culinária».
Quando puder falarei das receitas que tanto queres saber.
Abraços.
Caro José Mexia:
ResponderEliminarFicamos a saber que desapareceu em combate depois da indigesta caldeirada que cozinhou em Fátima. Não admira!
Fico espantado com o estômago de algumas pessoas....