sexta-feira, março 02, 2007

Paredes


Vamos falar de paredes, muros e escritos, vamos? Isso é que é tema, vamos lá! Tenho uma verdadeira colecção de fotografias e notas tiradas directamente das paredes do nosso burgo, de que já me tinha esquecido há muito, mas fui a correr buscá-las. Olhem-me só a advertência singular que nos interpela de um muro da cidade: “não separes o corpo da paixão”, só comparável à dimensão existencial que levam as palavras de um sábio que escreveu: “não sou as ideias que tenho nem mesmo a contemplação egoísta de um gato, sou esta frase que estou a escrever”, ou à natureza seguramente enigmática, mas dotada de uma dimensão relacional ímpar, do convite que é assim formulado numa parede, não sei bem de onde, mas que fotografei: “se ainda quiseres podemos ravisitar a Normandia” (ravisitar não é erro, faz parte da essência poética da coisa)….
Não sei se adoraria ver os muros de minha casa espichados com escritos de tal envergadura e gabarito, admito que não, mas isso é só porque a minha alma não é capaz de alcançar a urgência literária e criadora que pode assaltar um verdadeiro artista da palavra onde quer que esteja…

Sem comentários:

Enviar um comentário