Hoje, ao fim da tarde, a minha filha Joana escorregou pelas escadas abaixo, bateu com as costas e com a nuca nos últimos degraus, e quando se levantou a dizer que estava tudo bem, caiu para a frente desmaiada, e ficou assim bastante tempo. Garanto-lhes que não vou passar a usar o Nortadas para escrever sobre as minhas desventuras domésticas, mas achei que o que se passou a seguir merecia que ficasse dito. Lá fomos para o hospital de S. João, a Joana a garantir que estava óptima e que queria era jantar, eu preocupada com ela e apreensiva com o estado em que ia encontrar a urgência, seguramente apinhada de crianças doentes, com horas de espera pela frente, com o risco de ser recambiada para o centro de saúde da área de residência, e sabe-se lá mais o quê. Pois o que tenho para lhes dizer é o seguinte: a entrada na urgência foi imediata (como é suposto, mas o que é suposto às vezes tem as suas contingências…), a sala de espera estava relativamente cheia, mas tinha sido pintada recentemente, e tinha quadros engraçados nas paredes, as crianças eram chamadas a um ritmo absolutamente regular (apesar de ter chegado entretanto uma criança que tinha sofrido um acidente), e só tivemos que esperar cinco minutos para entrarmos. Seguiu-se um atendimento exemplar por um médico que se mostrou atencioso, simpático, e sem pressas, e que, pelo sim, pelo não, a mandou para os raios X. Nos raios X cinco minutos de espera, serviço feito, de novo para a sala de espera, onde o médico se deslocou pessoalmente para comunicar que já tinha visto os resultados que lhe tinham mandado pelo computador, que a Joana não tinha nada, mas que pelo sim, pelo não, lhe iam servir um chá e bolachas, e que depois ia ficar por lá mais meia hora para ver como se sentia. Lá vieram chá e bolachas i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e, meia hora depois chamaram-na para a voltar a ver, viram-na outra vez de cima a baixo, deram-lhe alta condicionada, entregaram-me um papel altamente pormenorizado de instruções de vigilância da criança nas próximas vinte e quatro horas, e saí sem pagar um tostão que fosse. Não se pode "recomendar" a ninguém um serviço de urgência, e é verdade que posso ter tido alguma sorte, mas seja como for, saí daquele hospital muito bem impressionada com a forma como vi funcionar o serviço de urgência das crianças e convencida de que, pelo menos, por ali, os meus impostos estão a ser bem aplicados e a ser úteis.
Sem comentários:
Enviar um comentário