Parece que o Eng. Sócrates assegurou que se o "não" ganhar o PS irá manter a lei actual.
É preciso explicar a S. Exa. que o referendo não é à lei actual. O referendo é à pergunta.
A diferença é esta: todos os que votam sim discordam com a lei actual, e todos os que votam "não" discordam da pergunta. Há, no meio, pessoas como eu que acham que a lei actual precisa de ser alterada, mas não no sentido proposto pela pergunta.
Gerou-se na sociedade portuguesa um consenso amplo. Há evidentemente, nas margens, radicais de cada um dos lados. Mas esses não contam, hão-de estar sempre sozinhos. Mas há um acordo alargado quanto à existência de vida intra-uterina, e quanto à necessidade de aliviar o quadro de penalização.
Era bom que a pergunta fosse o reflexo deste acordo. Contudo, pelo contrário, a pergunta é fracturante e radical. Não é inclusiva. É inaceitável.
Em cima desta dose de radicalismo chega a ameaça do nosso Primeiro Ministro em não aceitar o resultado deste debate. Porque esta campanha eleitoral, o debate gerado à volta deste tema, foi útil e proveitoso. Há lições a tirar, nomeadamente caso ganhe o "não" como começa a ser uma possibilidade.
É bom que o Eng. Sócrates não se esqueça que se o "não" ganhar a melhor solução para as clínicas de aborto é a manutenção da actual lei.
Tenho pena que o Eng. Socrates não o tenha percebido, e se porte como um vulgar radical.
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