Não sei se reparaste, mas quando abriste hoje os olhos havia mais luz no mundo. Bem sei que foi a primeira vez que os abriste e por isso não tinhas que saber se havia mais luz ou se havia menos, ou se era luz aquela luz que te inundou os olhos e a mim, de repente suspenso, me cegou de primaveras e choupos, e me atirou para trás do horizonte. Não sei se reparaste, mas, como a luz que te inundou os olhos e a mim me cegou, o ar estava mais cheio de sons, estava denso de poesias trôpegas e saltimbancos aos saltos como se fosse numa festa. Era uma festa, não sei se reparaste: estavas ali, exposto à luz, aos quatro cantos das derivas, às metáforas e aos sorrisos e eu, cego por ali, quase quedo em desalinho, deixei de ser quem era ontem e hoje sou este que é para ti.
Desculpem lá, mas hoje nasceu-me o Vicente e não me apetece ser como o costume.
Desculpem lá, mas hoje nasceu-me o Vicente e não me apetece ser como o costume.
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