Hoje o Público transborda de emoção com a análise dos sentimentos dos portugueses. É que não bastava a Europa ter descoberto que os portugueses andavam um bocadinho em baixo. Não. Também descobriu que estão satisfeitos com a vida em geral. E mais. Soube-se além fronteiras, vá-se lá saber como, que os portugueses se fartam de resmungar. O que condiz perfeitamente (nada como tornar a coisa científica e comprovada por nós, que de estatísticas mal feitas e observações empíricas andamos nós cheios) com a notícia da primeira página do jornal sobre o Alqueva: “portugueses resmungam, espanhóis investem”. Mas satisfeita fiquei eu quando soube que só 15,8% dos portugueses desconfiam dos funcionários públicos, e que na base desse sentimento pode estar a “ineficácia e a antipatia” dos serviços, porque vítimas de corrupção só há 3%, e que perguntados sobre a cunha, 14% dos portugueses afirmaram que – olhem só a elevação desta resposta – “nunca fariam uma coisa dessas”. Já me desgostou saber que somos hipocondríacos. Não sabia. Surpreendeu-me. Vá. Chocou-me, mesmo. Sempre quis acreditar que o desgaste que vejo dar ao SNS não encontrava justificação na natureza essencial da alma lusa.
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