Uma vez que o Carlos Furtado está distraído, ao que vejo por boas razões, atrevo-me a escrever sobre a demissão do Nuno Melo. A demissão em si não é surpreendente, o único motivo de espanto é que só tenha tido lugar agora. Nuno Melo ou não se demitia de todo ou, se o queria fazer, já se deveria ter demitido há uma semanas.
Como quer que seja, a demissão não vai trazer nada de novo
As relações entre o grupo parlamentar e a Direcção vão continuar más, o ambiente no partido péssimo e José Ribeiro e Castro vai continuar, justa ou injustamente, a ter desculpas para o relativo insucesso da sua gestão.
Nuno Melo até pode achar, como invoca, que tudo não passa de um problema de incompatibilidade pessoal. Até pode ter razão, do seu ponto de vista, embora não pareça, só que por vezes os problemas pessoais são de tal dimensão e tão expostos à opinião pública que se transformam em graves divergências políticas. Em rigor, a posição institucional de Nuno Melo enquanto líder parlamentar era politicamente insustentável.
Para José Ribeiro e Castro nada melhorou, pois ter Nuno Melo livre e à solta não augura nada de bom e, por outro lado, não é provável que o próximo líder parlamentar seja mais suave. Nuno Melo, com os seus defeitos e qualidades, é hoje um activo mediático do partido e, nesse sentido, tem todas as condições para continuar a causar danos sérios à actual liderança. Se a liderança não é respeitada dentro das suas trincheiras como é que pode impor-se ao país?
Como dar solução a este estado de coisas? Não sei, mas o que me parece é que José Ribeiro e Castro só se poderá afirmar de fora para dentro e só porventura o conseguirá depois do referendo do aborto. Talvez seja tarde demais.
O CDS sobrevive, e mal, através do seu líder e do grupo parlamentar. Infelizmente, não parece que uns e outros estejam à altura do momento difícil. E, em boa verdade, a quem é que isso interessa hoje em dia?
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