terça-feira, outubro 10, 2006

INSPECTOR CLOSEAU

O Inspector Geral da Administração Interna acha que a perseguição policial pode potenciar o perigo. Considera ainda que os polícias deveriam obter uma autorização superior antes de utilizarem as suas armas de fogo, pois não podem ser os polícias na rua a decidirem se perseguem ou se disparam. Isto é notável. O polícia dos polícias está do lado dos ladrões.
O que me parece que ele quer dizer é mais ou menos isto: se os polícias não tiverem a certeza absoluta de que num carro que não pára numa operação Stop segue o Bin Laden com uma bomba atómica, devem assobiar para o lado e deixar andar.
Está enganado o nosso inspector e interrogo-me se ele estará a par do que é a actividade dos polícias que policia.
Um polícia que não vê obedecida uma ordem para parar não sabe, nem pode saber, se está em causa um crime maior ou um crime menor. Pode, no entanto, presumir que se estiver em causa um crime menor o infractor não foge disparado colocando em perigo terceiros. Pode mesmo até achar que, tratando-se de um carro roubado, é seu dever perseguir o ladrão. Por natureza, os polícias perseguem os ladrões, pelo menos era assim até agora julgava eu.
Não é isso que sustenta o inspector. Se adoptarmos a peculiar tese do inspector ninguém mais vai obedecer a uma ordem de um polícia, seja o folião de Sábado à noite seja o chefe da mafia.
Outro pormenor curioso que nos trouxe o inspector foi a regra da autorização prévia para disparar. Não estou a imaginar como é que ele pensa que tal permissão se obtém no decurso de uma operação policial, mas gostava de saber. Talvez telefonando para o superior hierárquico que dorme confortavelmente em casa o sono dos justos.
É claro que eu também não gosto que os polícias andem aos tiros no meio da cidade por tudo e por nada (nem foi isto que sucedeu nos últimos dias). Muito menos gosto que morram pessoas por causa de disparos acidentais. Só que não me sinto mais seguro com este inspector. O que ele devia ter proposto era que os polícias fossem melhor treinados no uso de armas de fogo e esforçar-se para que existissem regras claras de utilização de armas por parte das forças policiais. Não foi nada disto que ele fez e, portanto, não prestou um bom serviço aos polícias nem aos cidadãos. Talvez não fosse pior o inspector fazer um estágio na polícia.

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