O tema não é, já se sabe, de agora. Tenho-me dedicado a ele com a humildade das minhas certezas, e principalmente das minhas dúvidas e angústias, como crente que sou.
Jónatas Machado, que tanto quanto sei é cristão (embora não católico) tem um artigo muito interessante e lúcido. Vale a pena ler.
Pelo seu lado, Vasco Pulido Valente perdeu, na minha opinião, uma excelente oportunidade para estar para ser humilde ou até mesmo estar calado.
Colocou o tema, e se bem percebi, como uma querela entre fé e ciência, ou até entre crentes e não crentes. Chega a afirmar VPV que o Papa ao defender o criacionismo irá ter contra ele “toda a comunidade cientifica”. É uma afirmação que se pode, sem favor, considerar como um disparate (e verdadeiramente sem rigor cientifico...).
Não é de agora (já vem mesmo pelo menos desde o séc. XVIII) a tese de que o desenvolvimento científico irá trazer a falência das religiões. Nada, no entanto, de mais errado no actual estado do desenvolvimento do conhecimento cientifico. O próprio Einstein afirmou por mais de uma vez ter de acreditar na existência de Deus (no Deus de Espinosa, num Deus cosmológico, no sentido de uma ordem sobrenatural de todas as coisas). Admito contudo a possibilidade de a palavra "deus" ser usada por Einstein como uma metáfora, por facilidade de comunicação. Ainda assim, parece-me que Einstein era totalmente contrário à teoria do acaso, em que assenta o essencial do evolucionismo. Para Einstein, “Deus não joga aos dados com o Universo”.
É próprio de alguns pretensos racionalistas defender que a fé é um estado inferior do (des)conhecimento cientifico, e que só assim se percebe a religião. Parece-me que é aqui que se coloca VPV. Tenho pena. A razão não é infinita. Aliás o próprio conceito de infinito não me parece de fácil apreensão. O Universo não é muito maior do que VPV julga. O Universo é muito maior do que VPV consegue imaginar.
A razão é, para mim, uma dádiva de Deus. Mas tem limites, como toda a nossa capacidade de compreensão e entendimento. E há muitos cientistas (muitos mesmo) que acreditam que o Universo foi criado. Há aliás uma distinção muito antiga entre ciência e sapiência.
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