Quando, em conjunto e em acordo com alguns amigos, tomei a decisão de passar das palavras aos actos, já lá vão 15 anos, ponderamos de que modos seria possível contribuir para que o País saísse do círculo vicioso em que, já então, pensávamos que a nossa elite, sobretudo política, nos havia metido.
A primeira dúvida a resolver prendia-se exactamente com a questão da eventual criação de um novo partido ou, em alternativa, a adesão a um dos partidos existentes. Concluímos que criar um novo partido de raíz era uma opção mais difícil, essencialmente por duas ordens de razões: sem imprensa não se consegue passar mensagens e a nossa imprensa não gosta de mexer na situação; criar uma estrutura nacional é particularmente moroso e deprar-se com obstáculos de incredulidade e pragmatismo venal que não são evidentes de ultrapassar; que o diga o Manuel Monteiro. Logo, sobrou a opção de aderir a um partido já existente.
Na época, o PSD estava no poder e de qualquer forma era uma máquina demasiado pesada para poder aderir à renovação com facilidade, estando já então demasiado ocupado a servir-se da coisa pública para poder ser atraente, apesar da vontade do seu líder e mesmo contra essa vontade. Além disso, é um partido sem ideologia, caudilhista, vocacionado para exercer o poder sem preocupações filosóficas. E, como se vê, paga o preço disso, embora também já tenha colhido louros disso.
Situando-nos nós no espaço ideológico que, por simplificação, classificaria de não-esquerda, restou-nos a opção do CDS. Á época, o CDS era um partido em plena expansão, como o viriam a demonstrar os resultados eleitorais seguintes. Foi essa, por conseguinte, a opção que fizemos. Preocupava-nos, já então, a ideia de contribuir para que o partido de modernizasse, aceitasse as condições conformadoras do presente e do futuro e abrisse novas perspectivas de desenvolvimento e coesão nacional para o País. Tem sido para isso que, à nossa humilde escala, temos vindo a trabalhar, tendo sempre oferecido os nossos préstimos a cada um dos líderes que se foram sucedendo.
Infelizmente, já então o partido era polarizado pelas tácticas guerrilheiras da politiquice em que as questões pessoais se sobrepõem às Políticas e às Nacionais. É verdade que o Dr. Paulo Portas conseguiu harmonizar o partido, não sem que o ex-líder se sentisse pressionado a sair para criar um novo partido - cujos votos muita falta nos fizeram -, mas à custa de o transformar num instrumento da sua própria visão. Nesse sentido o partido tornou-se mais caudilhista e sente-se hoje órfão do seu líder natural e da sua estratégia de recuperação de influência. Perante este cenário, não admira que o actual líder continue a encontrar as maiores dificuldades em recuperar o partido ideológico que o CDS nunca deixou de ser - e que tanta falta faz ao País.
Não estamos arrependidos das opções que fizemos, continuamos a crer que foram feitas pelas boas razões. Mas também pensamos que o País precisa de uma elite mais responsável e que o CDS devia assumir o papel da nova oposição que este Governo merece.
Nada impede o CDS de ser liberal, quando o País precise de liberalismo. Nada impede o CDS de ser conservador onde o País precisa de conservar. Nada impede o CDS de ser inovador agora que o País precisa de se modernizar.
Por todas estas razões e pela Fé que temos na capacidade de Portugal mudar, cremos, meu caro Luís Moreira, que o CDS continua a ser a melhor opção. Os seus amigos independentes de 50 anos, que estejam disponíveis para contribuir a que Portugal deixe de ser o fado que nos criticava o Eça, que se organizem para tomar conta do partido e promover a mudança em Portugal. Venham daí que há muita gente que não espera mais do que essa iniciativa.
PS - Tenho vindo a apreciar os comentários que o Luís Moreira tem feito a diversos posts que aqui tem sido publicados; não estaria na altura de alguém o convidar a também poder publicar posts?
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