terça-feira, julho 11, 2006
E por falar em subsídios...
Ele há disparates e disparates, e há o dislate retinto. Madaíl, do alto da sua sapiente sabedoria, lançou a cintilante proposta de isentar de IRS, os 50.000,00 € que os jogadores da selecção vão receber. 1.º é uma afronta a um país onde o cidadão comum, de classe média, leva alguns anos a aforrar tal quantia, e onde, seguramente, a maioria da população não dispõe dessa liquidez. 2.º isentar de IRS, ou seja, de contribuir para a coisa pública e o bem comum, um punhado de jogadores de futebol, que ganham mensalmente, alguns deles, várias vezes os tais 50.000,00 €, a título individual (o que acho muito bem porque não é o país que lhes paga), não é razoável. 3.º sem tirar o mérito relativo ao facto de a selecção nacional ter conseguido alcançar um bom lugar, tal facto não justifica uma isenção de IRS a protagonistas de uma actividade e de um facto que, só em tese, poderá contribuir para uma boa prestação do país. 4.º a esmagadora visibilidade e relevância mediática do facto, não pode iludir o seu profundo carácter de epifenómeno; 5.º o cabimento legal da hipótese formal de concessão de isenção, não pode ir ao arrepio da sua legitimidade material. 6.º é uma violação da equidade que tantos cidadãos e tantas instituições que participam activamente, nas mais diversas áreas, em prol do bem comum e da sociedade, e, apesar disso, não beneficiam de qualquer isenção e debatem-se, diariamente, com imensas dificuldades financeiras e, ainda assim, resistem e não vivem do subsídio ou da isenção fácil, fruto, pelos vistos, da sua pouca visibilidade mediática e notoriedade pública. 7.º O futebol é um desporto, nada mais, nada menos, e toda a relevância que lhe seja dada fora desse âmbito, só poderá ser instrumento de benefício de outros interesses, invisíveis, que lhe subjazem.
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