terça-feira, junho 20, 2006

E AGORA?

Bem sei que o Sr. Presidente da República anda por aí a tentar levantar o ânimo do país e que todos deveríamos contribuir para salientar os aspectos positivos deste nosso magnífico Portugal. Todavia, não posso deixar de salientar que o Governo não tem acompanhado o Sr. Presidente neste esforço e não consegue esconder o triste estado a que chegámos. Ao mesmo tempo que andamos entretidos com a selecção do Scolari, vejo que o Governo entrou convulsivamente em pânico perante a notícia da deslocalização de uma fábrica de automóveis. O Governo da salvação nacional, dos grandes projectos e do relançamento do investimento estrangeiro, treme e vacila ao ver fechar uma fábrica, desdobrando-se em pedidos e em súplicas que, senão agora mais tarde, não irão dar em nada. É claro que têm (e temos) razões para essa aflição e isso é que é preocupante. A dolorosa consciência, que todos reconhecemos, de que cada emprego que se perde na indústria nunca mais será recuperado é dramática. Não há nada de mais normal do que a deslocalização das empresas para locais mais favoráveis. As inúmeras fábricas que por cá se instalaram nos anos, 60, 70 ou 80 também vieram de outro lado qualquer, pelo que já beneficiámos do mesmo remédio. O problema é que encerrado esse ciclo não temos nada que o substitua. Já nem sequer temos a possibilidade da emigração, pois já só emigram os cérebros e não os operários. Oferecer milhões à Opel para diar o encerramento da fábrica não vai resolver problema nenhum. Só que a culpa disto não é da Opel, é nossa, e não há roteiro que nos valha agora.

Sem comentários:

Enviar um comentário