quinta-feira, maio 04, 2006

Prontos, tá bem...

Tá bem, tá bem, eu conto como foi o almoço de que se fala.
Tudo começou com umas peças de caça supostamente caçadas pelo meu irmão mais novo. De facto a caça (faisões e patos) tinha chumbo e não etiquetas do Continente, pareceu-me bom demais para ser verdade mas o meu não tem fama de aguadeiro.
Os faisões, bicho lindo mas que dá um trabalho a arranjar que nem vos conto, foram depenados e passados para um Chef a sério. Quando chegaram outra vez à minha mão vinham recheados (não me foi revelado o teor de tal maravilha) e atados de tal forma que parecia trabalho de costureira. Só tive que os por a estufar com alho francês cortado muito fininho e depois um bocado no forno a alourar e a banharem-se com o molho entretanto caído no tabuleiro. Escuso de vos dizer que enquanto os bichos eram preparados para nosso deleite, fomos bebendo um verde de que já vos falei aqui átrasado.
Os patos, também lindíssimos mas que dão igual trabalho a arranjar, foram preparados pela minha cara-metade, que desculpem que vos diga, faz o melhor arroz de pato do mundo.
Entretanto fomos abrindo a caixa de tinto (notem bem, a caixa), um magnifico Alentejano que combinou ás mil maravilhas com as pequenas aves.
O dia estava lindo, a família e demais convivas iam chegando, poucos, porque não foi um javali que o meu irmão caçou, o calor apertava e o vinho corria escorreito.
A conversa animava e já não sabíamos bem a quantas íamos, com congressos, cds, congressos do cds, o cds e as mulheres, o congresso das mulheres, as mulheres e o mundo rural, o congresso do mundo rural…enfim até irmos para a mesa dar cabo da bicharada, somente acompanha de castanhas e salada, ninguém se calou.
Silêncio…
Para terminar veio parar às minhas mãos um indescritível Borges Quinta do Junco de 1947, andava angustiado à espera de arranjar um motivo para abri-la, pronto já está, esta já ninguém ma tira.
O dia acabou bem, tirando certos órgãos do meu corpo que com certeza prefeririam ter outro dono.

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