sexta-feira, abril 07, 2006

Democracia em directo



Há um primeiro-ministro, Villepin,que resiste, ainda e sempre, ao invasor... o povo Gaulês. Dominique, provindo da vetusta aristocracia francesa do L'Ancien Règime - facto a que poucos dão importância e que quase todos ostracizam - é um homem refém de si próprio. Acossado internamente por Nicolas Sarkozy , vê marcado o seu consulado como chefe de governo, por um detalhe crucial, o CPE. Foram milhões que, nas ruas, demonstraram o seu repúdio por uma medida que tem a característica simbólica de uma nova era. Ora, com tais avassaladoras repercussões, os media não se furtaram a anunciar a sua queda. E, serenamente, ninguém estranhará tal reclamação. Mal, diga-se.
Villepin é o primeiro-ministro legítimo de França. Limita-se a exercer o cargo e as funções que lhe foram confiadas. Por muita polémica que crie - e não parece que seja voluntário - tal facto não lhe tolhe a legitimidade do cargo que ocupa. Aliás, ceder a uma polémica como a do CPE, seria criar um precedente perigoso pelo desvirtuamento das regras do regime democrático. Desde que considere que as condições de governabilidade estão garantidas - e não será o CPE a beliscá-las - há que se manter, firme, no cargo. Uma oposição concertada ou espontânea de sectores da sociedade, em assuntos quase de gestão corrente, potenciada pela profunda mediatização dos acontecimentos, não pode acarretar consequências tão gravosas como a queda de primeiro-ministro. Caso contrário o escrutínio de um executivo deixaria de ser directo para passar a ser em directo.

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