terça-feira, março 14, 2006

CDS

O que se passa no CDS hoje em dia só pode deixar qualquer observador externo verdadeiramente perplexo. Não estou a ver como é que qualquer pessoa de bom senso se pode rever num partido que tão triste espectáculo dá. Digo isto, naturalmente, com uma enorme amargura e não para criticar este ou aquele. Acho até que as culpas estão bem repartidas pelos intervenientes, nem a direcção, nem a oposição (ou o que se queira chamar) estão isentos de crítica e parece mesmo que estão a dar o seu melhor para o agravamento da confusão instalada.
Ninguém ignora que o relacionamento entre a direcção e o grupo parlamentar não podia ser perfeito, por várias razões políticas e pessoais, mas o que se esperava de todos é que estivessem à altura das suas responsabilidades.
Imagino que não seja nada fácil conduzir um partido com um grupo parlamentar ostensivamente rebelde, vivamente apostado em se demarcar do líder e em não fazer segredo disso. Concedo, por outro lado, que a liderança de Ribeiro e Castro não é particularmente entusiasmante. Seja como for, o presidente foi eleito em congresso (e até reconfirmado numas directas um pouco estranhas) e há que lhe dar condições leais para levar até ao fim a sua tarefa. Se Ribeiro e Castro não for capaz de impor respeito e autoridade política ao seu próprio grupo parlamentar como é que pode convencer alguém a votar nele? Se a forma de combater a oposição interna passa por desabafos e queixas públicas, isso revela alguma fragilidade que só incentiva os seus adversários. Veja-se que Ribeiro e Castro já tem de se defender de ataques, por vezes até exagerados e desproporcionados, vindos de militantes do meio da tabela.
Este estado de coisas não se resolve com um Conselho Nacional e mesmo um Congresso só seria pacificador se porventura existisse uma terceira via susceptível de operar a fusão, o que não parece de todo possível.
Infelizmente, o que se conclui é que Ribeiro e Castro, apesar do esforço, não vai ter condições para se afirmar e que a oposição só se submeterá se conquistar o poder. Não creio que venham aí tempos de que o CDS se possa orgulhar.

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