Exmo. Sr. Presidente da República:
venho por este meio agradecer-lhe o cuidado com que passou estes últimos dez anos pelo magistério que agora se encontra prestes a abandonar. Percebo que a sua preocupação foi, desde sempre e em primeiro lugar, claramente ambientalista e de furuto: as árvores que, daqui para a frente, terão que ser abatidas para serem transformadas em papel e de seguida suportarem o prelo que lhes imprimirá o historial da sua passagem pelo mais alto cargo da Nação não serão, felizmente, muitas. Mas algo, nesta hora de despedida, me inquieta: sabe quem é o senhor António Almeida Henriques? Eu também não. Sabe o que é a Câmara de Comércio e Indústria do Centro? Eu também sei: é mais uma agremiação pró-associativa - a mais recente de centenas de outras - cujo papel é, salvo melhor opinião, nenhum. Pois bem, acabo de saber que, sempre atenta, a Presedência da República vai atribuir ao tal senhor António Almeida Henriques a Ordem de Mérito Industrial. Serve por isso a presente para lhe dar a conhecer que eu próprio - que nem eu sei ao certo quem é - ainda não fui agraciado com nenhuma Ordem, nem de mérito nem de falta dele. Somos poucos, bem sei: não é fácil encontrar portugueses que não as tenham, ou uma ou outra. É para colmatar esta triste lacuna - que eventualmente se deverá ao facto de o meu nome não constar de nenhuma das listas telefónicas todos os anos gentilmente oferecidas pelas Páginas Amarelas aos portugueses distraidos que continuam a ser assinantes da rede fixa de telecomunicações - que aqui deixo esta notícia sobre a minha disponibilidade para ser agraciado, até que venha o outro, por uma qualquer Ordem. À sua escolha e desde que não seja a de mérito cultural, porque lá em casa ia ser difícil de explicar. Quanto às restantes, esteja à vontade. Muito obrigado e até sempre, desde que não seja já a seguir.
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