terça-feira, setembro 13, 2005

IRRESPONSABILIDADES

Não sou de todo favorável a greves de juízes nem a manifestações de militares em circunstâncias normais, isto é, no quadro de um estado de direito democrático. Estou longe de considerar estas atitudes como formas adequadas de defesa de interesses corporativos, por mais legítimos que sejam.
Existem corpos do Estado com especiais responsabilidades face à nação e à sociedade que justificam alguns limites não aplicáveis à generalidade das pessoas. Não por serem cidadãos de segunda, precisamente pelo contrário.
Quem desempenha a sua actividade em sectores ligados a funções de soberania, designadamente forças de segurança, militares, juízes ou diplomatas, tem especiais deveres e obrigações que, inclusivamente, se podem estender a aspectos da sua vida extra profissional.
Do mesmo modo, acho que estes deveres especiais, a que se soma uma disponibilidade sem paralelo noutros servidores do Estado, podem justificar direitos diferentes dos gozados pelos funcionários de repartição. O que é desigual não pode merecer tratamento igual. A forma desastrada como o Governo tem gerido estes processos é, a meu ver, altamente condenável, originando uma instabilidade perigosa e colocando em causa a dignidade e autoridade do Estado. Não quero dizer com isto que se tenha de ceder a toda e qualquer reivindicação, mas simplesmente que o Governo agiu e age de forma irresponsável em prejuízo de todos nós. O que não se diria se estas quase insubordinações se estivessem a passar com o anterior Governo.

P.S. - Enganei-me e por isso peço desculpa. Disse num post anterior que o candidato Soares tinha estado bem, por uma vez, ao não alinhar no coro anti-Bush a propósito do Katrina. Afinal, verifiquei via Blasfémias e Almocreve das Petas, que Soares não resistiu a meter a sua colherada em castelhano (La Vanguardia, 8/9/05), com o rigor e a sageza a que nos habituou. Aprendi a lição, para a próxima não o elogio.

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