terça-feira, agosto 02, 2005

DESPERDICIO

Vi ontem alguns autarcas nortenhos a defender da pior forma possível o investimento do Estado nas novas linhas de Metro. Tanto Valentim Loureiro, como Rui Rio e Luís Filipe Menezes não souberam encontrar o tom e o modo certos para defender os interesses da região e do país. O argumento do Ministro tinha toda a lógica: é necessário demonstrar a sustentabilidade do sistema de modo a saber-se se se justificam novos investimentos. Só em Portugal é que este argumento pode ser tido por ridículo. É claro que eu sei que, se calhar, esta lógica, inédita em Portugal, só se passou agora a aplicar aos investimentos a norte de Rio Maior, mas a posição dos autarcas não pode ser só a de "vamos gastar cá porque lá também gastam, mesmo que isto seja ruinoso". Nenhum contribuinte lúcido, sulista ou nortenho de cepa, pode aceitar esta razão. Como os outros não são cuidadosos, nós também achamos que os nossos investimentos não devem ser apreciados à luz de critérios próprios de países civilizados. Ou há moralidade ou comem todos. Acresce que esta lógica é apresentada aos berros e em tom de incentivo à revolta das populações. Isto entristece-me. O que é preciso é que todos os investimentos públicos, no norte ou no sul, sejam bem pensados e planeados, melhor executados e que se justifiquem desde o início. Devemos, portanto, explicar racionalmente porque é que são necessárias as novas linhas e exigir, aqui sim, "exigir" que todo o investimento público se paute por critérios adequados. Talvez assim se desse uma lição a Lisboa e ao Ministro, que bem precisa, e se evitassem disparates como os que se anunciam.

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