terça-feira, agosto 30, 2005

Agosto no Porto (III)

Este mês passado no Porto levou a que tivesse feito uma reflexão sobre o papel que o Porto deve ter dentro de Portugal e no seu espaço geográfico. Hoje quem vive no Porto tem à sua mão, dentro da cidade ou bem perto na Área Metropolitana, todos os equipamentos necessários. Desde parques urbanos, a centros de congressos (eu contabilizo pelo menos dois), a pavilhões multiusos, tudo, ou quase tudo, está à nossa mão, ou num destino bem próximo. Tudo isto é devido, em grande parte, a um conjunto de autarcas que vendo as insuficiências existentes as foram ultrapassando.
Mas agora é preciso dar um grande passo em frente. É preciso ter uma estratégia para toda a região. Ideias para o Porto. Essas têm inevitavelmente de passar por uma posição de liderança na região Norte.
Os números do desemprego – que neste momento têm especial acento na região Norte. Os baixos índices de riqueza. A baixa utilização do Aeroporto Francisco Sá Carneiro em relação às suas potencialidades. A falta de uma televisão regional quando a TV Cabo nos dá a TV da Galiza. O desaparecimento de jornais ou estações de rádio. O definhar das suas estruturas públicas. O desaparecimento dos centros de decisão financeira, e empresarial. A crise turística e a falta de grandes eventos, como congressos, nesta região. E outros e variados exemplos são devidas a um conjunto de erros das elites e daqueles que exercem ou exerceram o poder político.
Nos próximos tempos é preciso dar a volta a isto. Afirmar o Porto, passa por afirmar as suas ideias e pessoas. O sucesso do Porto tem de ultrapassar o desporto, a cultura ou um outro empresário que persiste em ficar no Porto. É necessário um conceito estratégico para a sua política cultural, de transportes, de ambiente, de urbanismo, de educação, de desporto e até para a economia da região.
A Área Metropolitana tem de efectivamente funcionar e o tema da regionalização tem de voltar a sair do baú em que foi posto. Pode ser apenas um meio, mas uma estrutura política intermédia, com efectiva proximidade entre eleitos e eleitores, e poder real, tem grandes potencialidades para criar mais desenvolvimento, e, sobretudo, equilíbrio dentro de um país que existe, cada vez mais, à volta de um centro. Portugal não pode ser um Estado com um único centro, e sem um conjunto amplo de cidades médias desenvolvidas e atractivas. Para alcançar esse objectivo não tenho uma receita final mas acho que seguir estas pistas simples podem servir para início de um caminho que não só é longo, como urgente.

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