quarta-feira, julho 20, 2005

Xenofonte

A entrevista ao Ministro dos Negócios Estrangeiros que hoje foi publicada no Diário de Notícias levanta vários factos para discussão. Desde os problemas de comunicação do Governo (internos e externos), às eleições presidenciais, passando pela nossa política externa, pelo tema da corrupção ou até as relações entre a esquerda e a direita. Todo o texto é a demonstração clara que uma grande entrevista depende evidentemente do seu entrevistado. Entre todas as frases há uma que merece ser sublinhada. É aquela em que o nosso MNE refere Xenofonte. Relembra, para retirar consequências para a nossa política interna, que este filósofo dizia que a principal arte da política era a arte da persuasão. Mas quem foi “este filosofo grego pouco celebrizado nos nossos tempos, mas que tem uma obra muito interessante”?
Xenofonte terá vivido entre os anos 430 e 350 a.c. e tem um conjunto de obras das quais se retira o seu pensamento político. Foi um aventureiro e mercenário, combateu contra Atenas (chegando até a fazê-lo ao serviço de Esparta) sendo por essa razão banido e privado dos seus bens. Recolheu-se para uma propriedade tendo-se dedicado à agricultura e à escrita de várias obras. Defendeu uma sociedade fechada e ditatorial fazendo o elogio de Esparta e criticando Péricles o grande defensor da Democracia Ateniense. Considerava de forma positiva a educação estatal, a intervenção do Estado nos casamentos, e a necessidade de um rígido treino militar. A política para este autor corresponde ao conhecimento necessário para governar o país, constituindo uma arte real. Para Xenofonte o poder corresponde ao comando pelos mais capazes. Faz a apologia do chefe - aquele que sabe mandar – dependendo o exercício desse poder do saber e do dom da palavra, isto é da persuasão do ser superior : “Alguma vez pensaste que um comandante da cavalaria poderia mandar sem falar?”. Entre outras ideias Xenofonte considerava a legitimidade de exercício do poder acima da legitimidade de título. Por fim, há autores que consideram que Xenofonte aponta para modelos ditatoriais vividos no século XX. Termino com mais uma citação bem interessante do próprio Xenofonte “Aquele que faz seguir uma multidão assim animada, esse merece o nome de magnânimo (…) esse é um grande homem que pode realizar grandes coisas”. Esta vai servir para discussões futuras, talvez sobre eleições que se avizinham.

3 comentários:

  1. Gostei=)! Mas para quem estava procurando este assunto. Ja o meu caso é diferente e sobre o que eu queria não encontrei nada d+.

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