terça-feira, junho 21, 2005

100 anos

No séc. XIX, Nietzsche fez "nascer" o super-homem. Matou deus. E abriu o caminho para a total desconstrução dos paradigmas culturais (sejam eles quais forem). A superação da ideia de transcendente ao racionlizar a necessidade de Deus como uma busca do melhor do ser humano, destruiu toda a nossa civilização e todo o nosso percurso. No limite, e libertados dos grilhões de todo o pre-conceito cultural, seria possível reescrever todos os paradigmas. Foi a libertação do Homem, de todas as suas contingências.
No séc. XX, Sartre, leva o enunciado mais longe, apesar de, como é óbvio, Sartre ser tributário de Heidegger, Husserl e até Kierkegaard, e de o seu caminho não ser o do niilismo. Porém, há paralelismos que ousamos notar. Seguindo os fenomenologistas, o Existencialismo em Sartre leva-o a assumir a não existência de Deus ou a impossibilidade do seu conhecimento, donde não poder haver nenhum padrão objectivo dos valores. Isto é, com o desaparecimento de deus desaparece também toda possibilidade de encontrar referências. Não pode então haver qualquer bem a priori porque se nós não sabemos se Deus existe, então nós não sabemos se há alguma razão final porque as coisas acontecem da maneira que acontecem; não há nenhuma razão final porque qualquer coisa tenha acontecido ou porque as coisas são da maneira que elas são e não de alguma outra maneira e nós não sabemos se aqueles valores que acreditamos que estão baseados em Deus têm realmente validade objectiva. Por isso, não nos resta alternativa que não seja a de estarmos condenados à liberdade da escolha das nossas acções. Estamos abandonados numa realidade onde há uma impossibilidade de referências, uma impossibilidade de encontrar paradigmas.
Sartre deixa-nos, pois, como legado, a libertação última do homem.

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