Pedro Santana Lopes terá dado ontem, na RTP, a entrevista mais patética da sua sinuosa carreira política: tentou provar que o seu governo - que não foi mais que uma coisa parecida com um executivo - foi do melhor que passou pelo poder em Portugal e que, se fosse caso de ter continuado, teria sido a salvação de nós todos. A coisa foi tão risível que ficou a sensação de o homem nem a si próprio conseguir convencer-se. Como lhe é tristemente costume, quando começa a tecer elogios as coisas acabam sempre mal. É mais forte que ele: não consegue deixar de apunhalar pela direita baixa. Carmona Rodrigues, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes e uma mão cheia de outros comparsas lá levaram pela medida grande, sempre com um sorriso nos lábios. Neste capítulo, o homem é muito parecido com Marcelo Rebelo de Sousa: os elogios transformam-se normalmente numa facada sanguinária. Interessante foi também o início da segunda parte: a entrevistadora, quase subliminarmente, lá introduziu a questão da operação - parece que a uma hérnia - do senhor, como se o país devesse agora rumar a Fátima para que tudo corra bem. E o pior de tudo é que, claramente, o senhor ainda não morreu para a política. Pobres dos portugueses.
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