Um dos erros de quem “faz” ou analisa política é achar que a história se repete. Que os chamados ciclos têm um tempo legal e regras específicas. Os factos têm provado o contrário, os ciclos acontecem e mudam por variadíssimas razões, até porque entre cada ciclo, podem decorrer mudanças fundamentais, como aconteceu com Margareth Tatcher, Filipe Gonzalez, Cavaco Silva, etc. A história nunca se repete. O que faz ganhar ou perder determinada eleição, não são só os candidatos e a sua mensagem, mas também o momento em que ela se dá. O momento não é tudo, mas é muito importante, vejo para aí muita gente que acha que se deve aplicar agora certas estratégias que deram resultado no passado. Claro que o que correu bem deve ser tentado novamente, mas deve-o ser tendo em conta que o mundo mudou, e que não há países iguais. Nos anos sessenta e setenta havia predominância da esquerda na informação, era um fenómeno global, mesmo nos países mais “ocidentais”.
Mas a verdade, é que eram gerações muito mais cultas, e mais informadas. Mal informada e controlada, podem-me dizer, mas estava a anos luz das novas gerações, das quais faço parte. Mudou quando tinha que mudar, tinha suficiente conhecimento das suas convicções para discernir entre o sonho e a realidade. Hoje em dia, com comentaristas em todas as esquinas e análises para todos os gostos e feitios, a papinha está toda feita, se por acaso uma notícia é mais complicada, está lá um especialista para nos explicar. É neste contexto que a direita acha que o aparecimento de um fundação no nosso lado ideológico, vai mexer com as almas até agora na obscuridade. Não tenho nada a opor, simplesmente acho que quem neste momento vota à direita não precisa de ser “politizado”. O trabalho que tem que ser feito é para a classe média baixa, nos Concelhos do interior, nas organizações sociais de província, uma Fundação nos moldes que se avizinham será sempre de elite. Uma Fundação, com toda a certeza em Lisboa, nunca será nacional, nunca será de todos, será sempre dos iluminados.
Tenho muitas dúvidas, pelas pessoas em questão, se tal fundação não será antes um factor de instabilidade e pressão nesta área, do que um factor de união.
Sem comentários:
Enviar um comentário